sexta-feira, 13 de março de 2009

* No RS, MST sequestrou equipe da Imprensa!


Equipes do Grupo RBS são feitas reféns durante protesto


"A agência está fechada", gritavam os 54 agricultores ligados à Via Campesina que ocuparam a área de atendimento de uma agência do Banco do Brasil, em Erechim (RS), na tarde da última quarta-feira (11). Os manifestantes fizeram reféns 10 funcionários e 20 clientes, além de uma equipe da RBS TV e de uma repórter do diário gaúcho Zero Hora que cobria a manifestação.
Em princípio, o protesto, que visava chamar atenção para as perdas provocadas pela seca e para as dificuldades em saldar débitos dos insumos utilizados na safra, estava programado para acontecer às 10h, às margens da BR-153. No entanto, mudaram de ideia e se dirigiram ao Banco do Brasil.
Ao chegar à agência, um a um, os manifestantes tomaram a sala de autoatendimento do banco, onde ficam os caixas eletrônicos. "A gente veio pra ficar. Enquanto não tiver resposta de Porto Alegre ou Brasília, nós não vamos sair do banco", dizia Eliseu Dobrovolski, um dos coordenadores do movimento.
A repórter do jornal Zero Hora, Marielise Ferreira, disse ao Portal IMPRENSA, que ao se dar conta do que estava acontecendo, já era tarde. As portas da agência estavam fechadas. "A gente [reféns] requisitou a saída, mas não de imediato. Então, quando os Policias Militares cercaram a agência, pedimos que nos deixassem sair". Marielise diz que sempre teve liberdade durante as coberturas das manifestações do grupo e que o episódio é uma exceção.
Cristiane Rhoden, repórter da RBS - afiliada da TV Globo - contou que os manifestantes não interferiram em momento algum em seu trabalho e do cinegrafista Sérgio Vieira. "Pude fazer entrevistas e passagens dentro da sala de autoatendimento, sem problemas". Ela relata que o clima ficou tenso quando os policias anunciaram que, caso os manifestantes não liberassem os reféns, invadiriam o local. "Aí, eu fiquei um pouco preocupada com o que poderia acontecer caso eles invadissem", disse a repórter.
Ela salienta que os manifestantes não portavam armas de fogo, apenas enxadas, ferramentas agrícolas, faixas com dizeres de protesto e, alguns deles, tinham o rosto coberto, como usualmente fazem em suas manifestações.
Após duas horas de negociação, a porta foi aberta pelo grupo, os policias invadiram o local e determinaram: "manifestantes para um lado, reféns pro outro". Em um canto da agência, os 54 manifestantes. Do outro, Cristiane Rhoden, Sérgio Vieira e Marielise Ferreira. Os demais reféns, na parte de dentro da agência, foram libertados em seguida.
Ainda permanecem presos 39 manifestantes no Presídio Estadual de Erechim. Pessoas ligadas à Via Campesina e ao Movimento de Atingidos por Barragens se reuniram, na manhã desta quinta-feira (12), para decidir sobre novos atos de protesto no Rio Grande do Sul.

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