Hoje, domingo, 27 de Junho. Após restabelecimento da energia elétrica na rua onde resido e a provedora enviar sinal via cabo ainda nesta tarde, eu pude colocar online um relato. Gostaria de poder relatar diariamente porém não foi possível diante do corte das redes de transmissão de energia elétrica por segurança e as danificações de posteações, cabos de internet e invasão de água de enchente no prédio da provedora Onlife Internet Provider.
Aos poucos, após editar clipes gravados durante a enchente eu os colocarei online no Canal Youtube do Jornal O OLHO.
Sexta-feira, 17 de Junho de 2010.
Cedo do dia telefonei para o amigo poeta odontólogo Juarez Carlos da Silva (Vice-Presidente do GRUCALP) para conversar sobre Reunião da Diretoria do GRUCALP no sábado dia 18 (reunião que não ocorreu diante dos problemas de enchente que sucederam). Juarez Carlos disse que não poderia ir à Reunião porque estava saindo para a Cidade de Belém de Maria, pois soube de enchente a ocorrer naquela cidade.
Por volta do meio-dia eu soube de grande enchente invadindo as Cidades de Belém de Maria e Catende. Rádios de Palmares noticiavam sobre muita água a vir para a cidade e pedindo ao povo para se precaver.
Algumas coisas me deixou preocupado. Inicialmente sobre água potável e alimentos a serem estocados. Mas água faltava nas torneiras desde cedo. Ao acordar, "tomei banho de cuia" naquele dia.
Lembrei do amigo Juarez Carlos. Telefonei para a casa dele e soube que ele não pôde passar na estrada rumo à Cidade de Belém de Maria e iria colocar todos os móveis e eletrodomésticos no primeiro andar da casa dele.
Fui à feira, sob chuva intensa. Ao comprar frutas, conversei com os feirantes dizendo que muita água viria para Palmares. Disseram que não adiantava tentar sair da cidade porque os transportes não mais passavam. Passavam alguns minutos das 14 horas.
Da feira fui ao Supermercado. E os comerciantes haviam fechado algumas lojas naquele horário. A água da enchente invadindo as ruas do comércio.
Por volta das 16 horas a água mineral estava escassa. Encontrei apenas dois botijões de 5 litros. Levei para minha casa e fui filmar as ruas sendo invadidas pelas águas. Preocupado sobre água potável porque o depósito de água da minha residência estava quase vazio e não tinha água para encher ele.
Avenida 13 de Maio (tendo numa esquina o Sindicato Rural dos Palmares e noutra esquina o Ginásio Municipal) onde se localiza o Núcleo Oficina de Artes Cênicas do GRUCALP.
Após ao jantar, por volta das 20 Horas, a enchente se mostrava ser maior e mais veloz ao invadir as ruas que a enchente de 2000 (quando o Centro Cultural dos Palmares - SEde do GRUCALP e do Núcleo Municipal da União Brasileira de Escritores foi danificado).
Desde por volta das 15h. não vi mais nenhum policial nas ruas de Palmares. EStranho isso. Em 2000, quando houve uma enchente de grandes proporções que quase destruiu Palmares, havia policiamento Civil e Militar. E os bombeiros sumiram também, mesmo sendo Palmares sede de uma Companhia de Bombeiros Militares. Em 2000, além de policiamento intenso nos locais não atingidos, houve rondas de policiais em botes para impedir saques. Mas nesta enchente, gangs arrombaram lojas e saquearam abertamente diante dos que estavam às margens das águas da enchente, assistindo ao tétrico espetáculo da revolta fluvial invadindo a Cidade.
Invasão de águas na Avenida Coronel Austriclínio (vemos ao fundo a Rua Pedro Paranhos e Sulanca).
A grande surpresa foi ver uma grande correnteza na Avenida Coronel Izácio com água vinda de Piranji se encontrando com águas vindas da Praça Dr. Paulo Paranhos.
O povo ficou aterrorizado ao ver que a enchente estava chegando a lugares nunca antes invadidos por enchentes em Palmares. O medo das águas subir mais era geral. Para onde ir? Para onde mais as águas subirão?
Rua da Aurora sendo invadida pelas águas da enchente
Comentários abordavam como a Defesa Civil do Estado não preveniu a quantidade de água da enchente e como os avisos foram feitos atrasados restando pouco tempo para retirar pertences de lojas e residências.
O sofrimento implantado. Madrugada de terror, medo, desespero. Gritos lamentando perdas materiais. Muita gente desmaiando e aparecendo molhada dizendo que tudo perderam, não houve tempo para retirar os pertences. Outros com medo das águas invadir casas perto das margens dos limites das águas parecendo ainda querer mais espaços para invadir...
O frio implantado na cidade. Muita água atraindo o frio. Barulhos de prédios e casas desmoronando.
As gangs arrombando e retirando produtos eletrodomésticos e móveis das lojas, enlatados de supermercados, etc. Tudo sob os olhares estupefatos dos espectadores.
O sinal dos celulares começaram a falhar. Inicialmente a TIM ficou sem sinal e depois a OI. Telefones residenciais foram desligados também. Mas ainda tive tempo de procurar saber o paradeiro de alguns amigos cujas residências ficam em áreas atingidas.
Muita chuva caindo durante a noite e madrugada. Uma madrugada de desesperos!
O povo comentando sobre como o caos foi promovido ao observar como a falta de informação, policiamento e resgates.
Notícias sobre pessoas desaparecidas e em locais precisando resgate se espalhou na multidão, completando o quadro de amarguras e desesperos coletivos.
Continuarei o relato.
Obs.: O relato continuará. Colocarei aqui o diario da semana da enchente! Aguarde enquanto redijo devagar.
- Exército monta Hospital de campanha em Palmares!(atualização 2/julho/2010)
- Em Palmares o povo revoltado (relato atual de 29/06/2010!
28 de Junho de 2010- Palmares sofrendo outra enchente...
- Diário de uma enchente - Sabado, 19 de Junho de 2010.
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