Bebida brasileira tem diversos benefícios ao organismo, do cérebro à redução de gordura. Produto do Vale do São Francisco tem a maior concentração de antioxidantes
Bebida integral tem indicação no rótulo
Divulgação/Terra Sol
Uma coisa que poucos sabem: o suco puro de uva, 100% integral, sem aditivos químicos, é exclusividade do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), além de concentrar sais minerais, antioxidantes e outros nutrientes, a bebida também atua na redução da gordura. Essas e outras vantagens estão empurrando as vendas do produto, que cresceram 43% somente no ano passado.
A bebida não deve ser confundida com seus congêneres menos valorosos (néctar, suco em pó, refrigerante, etc). As propriedades do suco são obtidas a partir dos bioativos naturais da fruta, enriquecidos no processo de fabricação: o líquido é aquecido, aumentando as trocas químicas entre casca, polpa e sementes. Essa troca libera mais polifenóis, as grandes estrelas dos derivados da uva, que ficaram mais conhecidas através dos vinhos. Mas as propriedades benéficas ao organismo são vastas: nove minerais, alto teor de vitamina C, fibras, efeitos anti-inflamatório, melhoria cognitiva e da memória, inibição da formação de coágulos (trombos), entre outros.
Segundo a doutora em biomedicina Caroline Dani, que desenvolve pesquisas com o produto desde 2004, um teste recente feito com 30 ratos submetidos a uma dieta hiperlipídica provou seu papel ativo na redução da gordura corporal. Os animais foram divididos em dois grupos e aqueles que não ingeriram suco de uva integral engordaram mais e tiveram aumento de pressão arterial. “Isso ocorre porque o suco de uva aumenta o metabolismo, impedindo o acúmulo de gordura”, explica. A dosagem diária recomendada pela especialista é de 7 ul por grama de peso, o que dá cerca de 7 ml para cada quilo. “Para as crianças de 10 kg seria mais ou menos 70 ml; e adultos de 70 kg, o equivalente a 400 ml”, esclarece. No caso de diabéticos, pode haver restrições devido ao açúcar natural da fruta.
DO SERTÃO - Se suco de uva integral é bom, o que vem do Vale do São Francisco é ainda melhor, como defende o doutor em engenharia de alimentos e professor do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), Marcos dos Santos Lima. O Vale tem uma vantagem importante sobre as demais áreas produtoras: duas safras por ano, devido ao clima ensolarado do Tropical Semiárido e a irrigação constante. Lima explica que essas características influenciam na composição química da uva. “Os sucos do Vale do São Francisco apresentam maiores concentrações de compostos bioativos, como procianidinas e trans-resveratrol, do que em sucos de outras regiões mundiais”, detalha o pesquisador.
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Versatilidade no uso é um trunfo
Nas prateleiras dos supermercados, padarias e delicatessens, o suco de uva integral não é um item com preço popular. Garrafas de 300 ml podem custar de R$ 5 a R$ 7 e as de 1 litro podem chegar a quase R$ 17, embora rótulos pernambucanos como o Terra Sol sejam encontrados a R$ 9,50.
O valor é explicado pelo custo de produção. O processo de fabricação da bebida, especialmente sem aditivos químicos, ainda é caro, agravado pelo fato de não haver embalagens mais em conta além do vidro. Há, também, o dificultador da logística, que aumenta o custo do frete da bebida que vem da região Sul para cá. E mesmo quando não há tanta distância, como é o caso de Petrolina e demais cidades do Vale do São Francisco, o custo dos insumos acaba pesando no valor de venda.
Entre as alternativas à bebida estão o consumo in natura e o suco feito em casa, tanto a partir da polpa congelada quanto da fruta, dos quais é possível obter parte dos bioativos da uva. Mas, nestes casos, além de o consumo ter que ser imediato, o resultado é mais pobre do que o produto fabricado nas vinícolas, uma vez que este envolve aquecimento, o que aumenta as trocas químicas entre a casca, a polpa e as sementes. “Não existem estudos científicos que comprovem a perda ou não de nutrientes no suco feito em casa com a uva. O que de fato pode trazer preocupação é a conservação, pois existe uma chance de fermentação caso não seja bem pasteurizado. Quanto às sementes, o maior cuidado está em não esmagá-las”, explica a doutora Caroline Dani. No caso do derivado a partir da polpa congeladas, também há perda de polifenóis, devido ao congelamento.
Já os que aderirem ao suco de uva integral podem contar com outras formas de consumo. A sommelière da Vinícola Salton, Monica Coletti, diz que é possível fazer inúmeras receitas, compondo drinques sem álcool ou em preparações alcoólicas. “Por seu sabor forte, mais intenso, as pessoas também adicionam um pouco de água ou algumas pedras de gelo, mas isso não diminui os benefícios”, destaca. A chef de gastronomia na Salton, Idana Spassini, acrescenta que o suco de uva pode entrar no preparo de sobremesas, incluindo caldas doces e sorvetes. “Dependendo da receita, também pode ser utilizado em pratos salgados, em molhos para carnes vermelhas”, complementa Idana.
Independentemente da origem, cada vez mais consumidores aderem ao suco de uva. Segundo dados do Ibravin, em 2013 a produção aumentou 43,6% somente no Rio Grande do Sul, principal polo produtor do País, chegando a 72 milhões de litros. No Vale do São Francisco, o volume ainda é pequeno e não passa dos 300 mil litros anuais, mas deve triplicar nos próximos anos. Para continuar impulsionando esse mercado, o Ibravin desenvolveu a campanha Suco de uva 100% do Brasil para divulgar os benefícios da bebida.
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