ATLANTA (AP) - Um estudo descobriu que as mulheres infectadas com o vírus HIV na África ficam mais propensas a infectar seus parceiros se estiverem usando métodos contraceptivos à base de hormônios.
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As mulheres observadas no estudo tinham o dobro de chance de transmitir o vírus se estivessem tomando pílula ou injeções de hormônio, se comparadas com aquelas que não utilizavam estes métodos para não engravidar. A pesquisa é a primeira a focar nesta questão, de acordo com Renee Heffron, da Universidade de Washington, que participou da pesquisa.
O estudo também mostrou que mulheres sem o vírus tinham o dobro de chance de serem infectadas com o HIV de seus parceiros se usassem a contracepção a partir de hormônios, se comparadas com aquelas que não usavam.
Os pesquisadores checaram se não havia diferenças significativas no uso de camisinha, comportamento sexual ou outros fatores que poderiam interferir no resultado. A pesquisa foi apresentada nesta quarta-feira durante a 6ª Conferência da Sociedade Internacional de Aids (IAS), em Roma.
Os pesquisadores disseram que as descobertas ainda precisam ser confirmadas com novos estudos, e não devem fazer as mulheres trocarem imediatamente o método contraceptivo que usam.
O aumento do risco de infecção pelo HIV também deve ser avaliada frente as consequências da gravidez indesejada, que na África pode incluir complicadores como a mortalidade materna e a miséria, eles explicaram.
"A contracepção é incrivelmente importante para o desenvolvimento econômico e social de mulheres e crianças no mundo todo", disse Dr. Jared Baeten, outro pesquisador da Universidade de Washington que participou do estudo.
As injeções de hormônio liberam progestina, que impede os ovários de liberarem os óvulos e também estreita o endométrio do útero. As pílulas contém progestina ou progestina e estrogênio e funcionam da mesma forma.
Ainda não está claro como os hormônios ajudam a espalhar o vírus, mas o risco já foi observado em estudos anteriores. Um estudo no Quênia mostrou um aumento na células infectadas pelo HIV no tecido cervical depois que mulheres começaram a usar vários métodos contraceptivos hormonais.
O novo estudo foi realizado entre 2004 e 2010 em sete países da África: Quênia, Uganda, Ruanda, Botswana, Zâmbia, Tanzânia e África do Sul.
Ele incluiu quase 2.500 mulheres com HIV com parceiros não infectados. Cerca de um terço delas usou um método contraceptivo hormonal pelo menos uma vez. A maioria delas tomou a injeção, que é administrada uma vez por mês.
Os homens tinham 2,61% de chance de serem infectados no período de um ano se suas parceiras utilizavam um método contraceptivo hormonal. Se não fosse o caso, as chances de infecção eram de 1,51%.
A equipe de pesquisadores também observaram cerca de 1.300 casais nos quais apenas os homens tinham o vírus. Cerca de 20% das parceiras usavam algum método contraceptivo hormonal, a maioria tomava as injeções.
O estudo descobriu que estas mulheres tinham 6.6% de chance de serem infectadas pelo vírus HIV no período de um ano enquanto aquelas que não usavam este tipo de método tinham 3,8% de chance de serem infectadas.
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