A ampliação do debate sobre desenvolvimento sustentável do Brasil está entre as principais reivindicações das trabalhadoras rurais. Ontem (13) uma comissão formada por representantes de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal apresentou ao governo federal uma pauta de reivindicações com mais de cem itens.
A secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmem Foro, disse que o documento foi entregue a seis ministros. Nele também foi abordado os problemas causados pelos grandes projetos desenvolvimentistas do país. “Ao mesmo tempo em que geram empregos, [as grandes obras] causam graves impactos ambientais. Esses projetos trazem vários problemas sociais, como a prostituição”, declarou.
O licenciamento ambiental também está na pauta de reivindicações como condição política para a garantia da produção das trabalhadoras rurais. De acordo com Carmem Foro, não é a agricultura familiar que tem causado os grandes problemas ambientais. Outro ponto destacado pela representante da Contag está relacionado com as mortes no campo. “Há uma disputa, principalmente pelos recursos naturais. Podemos ver como resultado disso os assassinatos [no campo]”.
Este ano a pauta da Marcha das Margaridas contempla sete eixos: biodiversidade e democratização de recursos naturais; terra, água e agroecologia; segurança alimentar e nutricional; autonomia econômica, trabalho e renda; saúde pública e direitos reprodutivos; educação não sexista, violência e sexualidade; democracia, poder e participação política.
Para Carmem Foro, o papel da organização de trabalhadoras é fazer pressão no governo para que mude a realidade das mulheres do campo. “Não se trata de sensibilidade, se trata de compromisso político. Seja presidente mulher ou presidente homem, vamos continuar exercendo nosso papel.”
A comissão espera uma resposta do governo às sua reivindicações até agosto, quando ocorre a Marcha das Margaridas 2011. “Estamos mobilizando 100 mil mulheres para virem a Brasília nos dias 16 e 17 de agosto, e com expectativa de ter mudanças significativas.”
Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, vários pontos da pauta de reivindicações referentes às políticas para mulheres já foram atendidos pelo governo. “Estamos avançando no programa de documentação de mulheres trabalhadoras do campo, no Pronaf Mulher e na titulação de terras de mulheres chefes de família.”
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, disse que governo vai analisar com atenção a pauta de reivindicações das trabalhadoras rurais. “Vamos constituir um grupo de trabalho interno para fazer isso. Temos pouco mais de 30 dias [para avaliar a proposta]”.
Reportagem de Daniella Jinkings, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 14/07/2011
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