quarta-feira, 17 de julho de 2013

* Professores repudiam Eduardo Campos!


Foto: Eduardo Braga/SEIPara um docente formado em história o bônus salarial anunciado pelo governador está muito mais para um agrado em busca de votoPara um docente formado em história o bônus salarial anunciado pelo governador está muito mais para um agrado em busca de voto
A declaração do governador Eduardo Campos (PSB) sobre o investimento do Estado na educação está sendo bastante criticada pelos professores da região. O líder socialista disse, na última terça-feira (16), durante o anúncio do Bônus de Desempenho Educacional (BDE) que “Pernambuco vai terminar a década tendo a melhor escola pública do Brasil”.
“Do jeito que funciona fica complicado. Os professores são coagidos a aprovar alunos que mal sabem escrever o próprio nome. Muitas turmas de projetos paralelos são aprovadas 100% porque a Secretaria de Educação não aceita reprovação. Em escolas de referência o número de reprovados tem que girar próximo do zero. Mas a gente sabe que é difícil. Tem escolas que aprovam alunos semianalfabetos só para os índices das escolas subirem e receberem bônus no ano seguinte”, criticou o professor Eduardo Santana.
Em grupos do Facebook, vários docentes tecem críticas ao modelo educacional do Estado. O baixo salário, as precárias condições de trabalho, a política de repressão de divisão dos professores e os projetos no modelo de metas educacionais são condenados pelos educadores.
“O que o Governo do Estado faz é jogar com a real necessidade financeira dos profissionais da educação, é isso que o BDE faz. Os professores são mal remunerados e, por isso, anseiam por esse "salário fora de época", no entanto, o BDE existe à custa da qualidade do ensino nas escolas públicas que vai muito além de números e estatísticas. As escolas se sentem coagidas a atingirem bons resultados sem condições nenhuma de consegui-los efetivamente. O professor é mal remunerado, as escolas não recebem empenho para investir na infraestrutura do prédio e de materiais pedagógicos, sem contar na avalanche de estudantes com dificuldades pedagógicas, sociais, psicológicas e emocionais”, desabafou uma professora da rede estadual de ensino, que preferiu falar em reserva com medo de retaliações.
O ceticismo com a educação em Pernambuco também chega aos estudantes. Muitos graduandos que cursam licenciatura no Estado já conhecem a realidade do setor. “O produto (a educação) vendido pelo senhor Eduardo Campos não representa a realidade do que ocorre no interior das fronteiras físicas das nossas escolas: profissionais infelizes, mal remunerados, pressionados e violentados por uma administração opressora e equivocada. Qual é a real serventia de um bônus se os professores possuem um dos piores salários do País?”, questionou o aluno do curso de Letras, Leandro Cabral.
De acordo com os dados da Secretaria de Educação do Estado, ao todo, este ano 56% das escolas estaduais de todas as regionais serão contempladas com o BDE. Dessas, 29% vão receber o valor integral. Outras 23% obtiveram variação positiva, mas ainda não alcançaram o mínimo de 50% da meta do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (Idepe) – contrapartida pactuada entre o Governo e os gestores das unidades de ensino para o recebimento do bônus. Em 2012, o Governo investiu R$ 51,55 na premiação dos profissionais.
“Acho que bônus salarial está muito mais para um agrado em busca de voto do que representar algum beneficio para a educação como um todo. Fora que os valores simplesmente devem até ser motivo de piadas por parte dos servidores que trabalham diariamente com os problemas da escola pública, como falta de infraestrutura decente e o déficit social vivido pelos alunos e suas respectivas famílias”, relatou Diogo Iwanaga, formado em licenciatura em História.

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