Pelo menos 22 crianças morreram e 25 passaram mal após se alimentarem com merenda escolar envenenada com inseticida, afirmaram autoridades indianas nesta quarta-feira (17). Não estava claro como as substâncias químicas chegaram aos alimentos na escola, localizada no estado de Bihar, leste do país. Um funcionário do governo disse que a comida pode não ter sido apropriadamente lavada antes de ser cozida.
As crianças, que têm entre 5 e 12 anos, passaram mal na terça-feira, logo depois de comerem a merenda na vila de Gandamal, 80 quilômetros ao norte da capital do Estado, Patna. Autoridades escolares interromperam imediatamente a distribuição da refeição, composta por arroz, lentilhas, soja e batatas, quando as crianças começaram a passar mal.
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A comida, que é parte de uma campanha nacional para dar pelo menos uma refeição quente diária para crianças de famílias pobres, foi preparada na cozinha da escola. Das 25 crianças que ainda recebem tratamento, três estão em estado grave, declarou P.K. Sahi, ministro estadual de Educação.
Segundo Sahi, uma investigação preliminar indicou que a comida continha organofosforados usados como inseticida em plantações de arroz e trigo. Acredita-se que os grãos não tenham sido lavados antes do preparo.
Porém, moradores locais disseram que o problema parece ter origem no acompanhamento de soja e batatas, não no arroz. Crianças que não comeram o acompanhamento estavam bem, embora tenham comido arroz e lentilhas, afirmaram vários moradores.
Sahi disse que a comida e os utensílios de cozinha foram apreendidos pelos investigadores. "Se foi um caso de negligência ou foi intencional, só saberemos assim que o inquérito for concluído", disse ele.
O programa de merenda na Índia é um dos maiores do mundo para nutrição infantil. Governos estaduais têm a liberdade de decidir a respeito do conteúdo das refeições e seu horário, dependendo das condições locais e da disponibilidade de alimentos. O programa foi iniciado primeiro no sul da Índia, onde era visto como um incentivo para que pais pobres enviassem seus filhos para a escola.
Desde então, programa tem sido replicado em todo o país, abrangendo cerca de 120 milhões de estudantes e faz parte dos esforços para combater a desnutrição, mal que segundo o governo afeta quase metade das crianças indianas.
Embora haja reclamações ocasionais sobre a qualidade da comida servida e de falta de higiene, a tragédia em Bihar parece não ter precedentes na implementação do programa.
Fonte: Associated Press.
Morte de crianças por intoxicação causa revolta na Índia
Primeiros elementos da investigação revelaram a provável presença de fosfato
Foto: Str
Parente de vítima protesta em um hospital
Ao menos 22 crianças morreram de intoxicação alimentar depois de um almoço gratuito em uma escola primária no paupérrimo estado de Bihar, leste da Índia, o que provocou uma onda de indignação.
Vinte crianças, que faleceram na terça-feira, foram enterradas nesta quarta-feira perto da escola, um estabelecimento público do vilarejo de Masrakh, na região de Saran.
Outros 30 alunos permaneciam em vários hospitais do estado de Bihar, o mais populoso da Índia e também considerado o mais pobre.
"Depois de 21 mortes, soubemos há pouco que mais uma criança faleceu enquanto era tratada", informou o secretário de Saúde do estado, Vyas Ji, à AFP, quando as suspeitas recaem sobre a possível presença de inseticida na comida.
Este drama provocou a indignação dos habitantes de Chhapra, a principal cidade de Saran, onde centenas de pessoas quebraram as janelas de ônibus escolares e saquearam uma delegacia na noite de terça-feira.
Os manifestantes exigiam "medidas firmes contra os funcionários responsáveis", segundo eles, pela morte das crianças, indicou um funcionário local, S.K. Mall.
Os alunos comeram um prato de arroz e lentilhas preparado na mesma escola.
Em vários dos 29 estados da Índia, as autoridades oferecem almoço gratuito às crianças nas escolas públicas como forma de combater a pobreza generalizada.
Os primeiros elementos da investigação revelaram a provável presença de fosfato, substância contida em inseticidas, segundo um funcionário do governo local, Amarjeet Sinha.
A causa das mortes seria um envenenamento, razão pela qual os pacientes estão sendo tratados com atropina, um antídoto utilizado contra os efeitos dos gases neurotóxicos, acrescentou.
"Meus filhos foram à escola para aprender. Voltaram para casa chorando e se queixando de dor", contou o pai de duas crianças afetadas ao canal de televisão NDTV.
"Peguei-os em meus braços, mas não paravam de chorar e de se queixar de uma dor de estômago terrível", acrescentou.
O chefe de Governo de Bihar, Nitish Kumar, ordenou a abertura imediata de uma investigação e anunciou o envio de uma equipe de especialistas forenses.
Segundo os habitantes de Masrakh citados pela imprensa, também há indícios da presença de óleo de mostarda contaminado.
"Os investigadores examinam amostras dos alimentos e do vômito das vítimas", explicou Amarjeet Sinha.
O governo de Bihar se comprometeu a pagar 200.000 rúpias (2.500 euros) às famílias das vítimas.
Os professores consideram que a gratuidade dos almoços permite aumentar a presença nas escolas das crianças indianas.
Mas as intoxicações alimentares nas escolas são frequentes devido aos deploráveis níveis de higiene nas cozinhas dos estabelecimentos e, às vezes, à má qualidade dos alimentos servidos.
No ano passado, mais de 130 alunos precisaram ser hospitalizados em Pune, no oeste da Índia, por uma intoxicação alimentar. Uma investigação determinou que os alimentos que ingeriram estavam contaminados com a bactéria E.Coli.
Os preços dos alimentos dispararam nos últimos seis anos na Índia, tornando mais difícil a vida diária dos 455 milhões de indianos que, segundo o Banco Mundial, vivem abaixo do nível da pobreza.
O governo indiano aprovou no início de julho por decreto um amplo programa de ajuda alimentar para os mais pobres, uma medida adiada por muito tempo e anunciada a um ano das eleições gerais.
Este programa seria o maior do mundo, com ajuda alimentar para cerca de 70% da população, ou seja, para mais de 800 milhões de pessoas. Este plano garante um fornecimento mensal de entre 3 e 7 quilos de grãos por pessoa, dependendo da renda.
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