O pronunciamento de Jarbas Vasconcelos no Senado, Renan assistiu da primeira fila
“Neste exato momento em que falo para os senhores e senhoras, sei que estão vasculhando a minha vida, investigando as minhas prestações de contas à Justiça Eleitoral e à Receita Federal. Não tenho o que esconder, pois disputei em Pernambuco algumas das eleições mais acirradas da história do Estado.”
Em discurso no plenário do Senado, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) reiterou nesta terça-feira as críticas ao PMDB reveladas pelo parlamentar à revista "Veja" --mas não apresentou nomes de integrantes do partido que estariam envolvidos em ações de corrupção. Jarbas disse que seria "mesquinho" se acrescentasse novos "detalhes e adjetivos" às suas denúncias.
No discurso, Jarbas mencionou apenas o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ao afirmar que já "disse tudo o que tinha a dizer" sobre os dois líderes peemedebistas. O parlamentar não chegou a citar a sigla "PMDB" em seu discurso, apenas quando se referiu à sua destituição da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado por Renan.
"Fui procurado pela 'Veja' no dia 10 de fevereiro para falar de três assuntos: PMDB, Senado e governo Lula. Respondi a tudo que me foi perguntado. Hoje, volto à tribuna para dizer que não tenho uma vírgula a acrescentar o que disse à revista. O que eu tinha a dizer sobre o presidente da Casa, já disse. O que tinha a dizer sobre o líder do meu partido, já disse. Serei mesquinho e pequeno se acrescentar mais detalhes e adjetivos", afirmou.
Jarbas reagiu às críticas recebidas depois de sua entrevista à "Veja" ao afirmar que a "verdade é sempre inconveniente para quem vive da mentira, da farsa". O peemedebista disse que apenas "constatou o óbvio" ao denunciar ações de corrupção dentro do seu partido.
Jarbas reagiu às críticas recebidas depois de sua entrevista à "Veja" ao afirmar que a "verdade é sempre inconveniente para quem vive da mentira, da farsa". O peemedebista disse que apenas "constatou o óbvio" ao denunciar ações de corrupção dentro do seu partido.
"Não vim citar nomes, para isso existe a Polícia Federal, o Tribunal de Contas. Nunca tive, não tenho e não desejo ter vocação para ser paladino da ética", afirmou. Jarbas disse que não lhe cabe revelar a esperada "lista" de políticos peemedebistas envolvidos em atos de corrupção.
"Senhor presidente, cobraram-me nomes, uma lista de políticos que não honram o mandato popular conquistado. A meu ver, essa cobrança em si já é uma distorção do papel de um parlamentar que deve ser o de lutar pela ética e por politicas públicas que façam o país avançar."
Jarbas disse ter "nojo e ojeriza à passividade e à omissão". O senador citou a disputa em torno do comando do fundo Real Grandeza, de Furnas, como uma "prova clara, transparente e inequívoca" do que explicitou na entrevista --sem mencionar que o PMDB pressionou a estatal para indicar afilhados políticos para os cargos. "Não preciso citar nomes porque eles vêm à tona quase que diariamente", disse.
No discurso, Jarbas defendeu o resgate da ética na política brasileira como uma espécie de "tábua de salvação" para o Congresso. "Ou resgatamos essa lógica para o exercício da política ou vamos continuar estampando capas de jornais da pior forma possível. Não me agradou dizer o que eu disse", afirmou.
O parlamentar agradeceu, no encerrramento, o apoio recebido da população brasileira depois das críticas ao PMDB. "Agradeço as milhares de correspondências que recebi. O exercício da política não pode ser transformado num balcão de negócios. O que se vê hoje no país é um sentimento de descrença. O poder pelo poder leva a um quadro degenerado que vemos hoje no país."
Marco Maciel apresentou o seu apoio, principalmente no que se refere da necessidade de se fazer uma reforma política, que prefere chamar de “Reforma Institucional”.
Segundo Cristovam Buarque o mais grave é a aceitação dos parlamentares que faz com que o Senado se transforme numa Casa que tolera tudo isso. “A Casa que tolera tudo isso tem um nome: casa de tolerância”, completou o pedetista. O senador advertiu para a possibilidade de tentarem silenciar a entrevista concedida por Jarbas Vasconcelos à revista Veja. Ele reportou a outros episódios semelhantes como quando o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) era um antro de corrupção, e o assunto acabou caindo no esquecimento.
O senador Tião Viana (PT-AC), que concorreu à Presidência do Senado, destacou que as críticas feitas por Vasconcelos não representam qualquer ataque ao governo ou ao PMDB mas, apenas, uma constatação da crise de credibilidade que não só o Congresso, mas outras instituições brasileiras vivem. Tião Viana acrescentou que, no âmbito do Congresso, o correto seria procurar soluções para os problemas apontados e não tentar rebater as constatações feitas pelo peemedebista. Segundo o petista, o Parlamento “está enfraquecido em conteúdo, diretrizes e responsabilidades”.
Já o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirmou que todo esse cenário apontado por Jarbas Vasconcelos é culpa dos próprios parlamentares. Ele citou, por exemplo, a dificuldade há anos de deputados e senadores votarem a reforma política, capaz, de acordo com Demóstenes, de sanear vários problemas. “Estamos afrontando a sociedade. Quem quer um ‘ficha suja’ na política?”, questionou o senador do DEM. Ele qualificou de “absurda” a possibilidade de um político condenado pela Justiça de primeira instância de concorrerem a uma vaga parlamentar, seja municipal, estadual ou federal. O líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), afirmou que já conversou com o senador Demóstenes Torres, que é o indicado do DEM para presidir a CCJ, para que uma das primeiras medidas que adote, quando assumir a comissão, seja o de acelerar projetos que digam respeito ao combate à corrupção e moralização das instituições.
Vocês não me amedrontam!
*Trecho do discurso de Jarbas no senado.
“Neste exato momento em que falo para os senhores e senhoras, sei que estão vasculhando a minha vida, investigando as minhas prestações de contas à Justiça Eleitoral e à Receita Federal. Não tenho o que esconder, pois disputei em Pernambuco algumas das eleições mais acirradas da história do Estado.”
”Não temo esses investigadores, apesar de considerá-los credenciados para tal função, pois de crimes eles entendem. Essas iniciativas, que têm por objetivo me intimidar, não me surpreendem nem me assustam.”
”Tenho 40 anos de vida pública. Fui deputado estadual, deputado federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco, sempre com votações expressivas e com reconhecimento da maioria do povo de meu Estado.”
”A esses arapongas digo apenas que enfrentei coisas piores quando, na década de 1970, denunciei torturas e violências praticadas pela ditadura militar.
Vocês não me amedrontam!”
*Leia na integra o Discurso de Jarbas
RENAN VINGA-SE DE JARBAS
Começa a retaliação e a tentiva de reduzir poder e evidência do rebelde, retirando-o de importante Comissão do senado
A punição ao senador pernambucano, retirado da Comissão de Constituição e Justiça, coincide com o anúncio de que ele ocupará hoje a tribuna do Senado para atacar a corrupção e a impunidade
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), destituiu ontem o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A medida foi tomada como retaliação pelos ataques de Jarbas a seu próprio partido, a quem acusou de corrupção, sem citar nomes.
A punição ao senador e ex-governador de Pernambuco coincidiu com o anúncio de que ele ocupará hoje a tribuna para atacar a corrupção e a impunidade. Jarbas disse ontem que não pretendia retomar os ataques diretos ao PMDB, mas admitiu a intenção de se manifestar sobre a tentativa do partido de assumir o comando do Real Grandeza, o fundo de previdência dos funcionários da estatal Furnas.
A articulação dos peemedebistas, capitaneada pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, foi barrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após manifestações de protesto dos empregados da empresa.
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