sexta-feira, 12 de julho de 2013

* Encontro internacional de educação abre inscrições

Entre os dias 6 e 7 de agosto, em Curitiba, acontecerá o encontro internacional de educação SalaMundo 2013, no teatro Positivo. O evento, realizado pelo Instituto Positivo, e que congregou 2400 participantes em sua primeira edição de 2011, é aberto para interessados na temática da educação e contará com palestras de Aloízio Mercadante, Ministro da Educação, e Viviane Senna, do Instituto Ayrton Senna e de especialistas na área do Brasil e do exterior.
O SalaMundo tem como objetivo discutir a construção de uma escola melhor, a partir de debates, que vão desde a saúde mental e física dos estudantes até o currículo do Ensino Médio, autoridade, disciplina e literatura universal. A organização também aposta na troca de experiências entre gestores e docentes.
Para se inscrever e conferir a programação completa, acesse o site do SalaMundo. Informações podem ser obtidas no telefone: (41) 3331-5122

* 200 mil Documentos de Martin Luther King está num site!

Arquivo online disponibiliza 200 mil documentos de Martin Luther King

Fundado em 1968 como um centro de mudança social não violenta, o The King Center é referência em preservação histórica. Na última semana o centro disponibilizou um arquivo online com 200 mil documentos de Martin Luther King Jr, o líder dos direitos civis da população negra.
Entre os papéis digitalizados é possível encontrar telegramas, notas rabiscadas, apelos urgentes e até o rascunho de seu discurso do Prêmio Nobel de 1964.
O arquivo permite que você navegue por temas e por tipo de documento com filtros de pessoas e locais, além de possuir uma busca por palavras chaves.
Todos os documentos estão disponíveis em alta qualidade o que dá opção de ampliar e se deslocar por toda as páginas.
O arquivo está disponível em thekingcenter.org/archive

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* Analistas políticos não puderam prever manifestos

ENTREVISTA / CAIO TÚLIO COSTA

‘Um novo futuro a ser ditado pelo poder das ruas’

Por DP em 09/07/2013 na edição 754
Reproduzido do Diário do Pará, 7/7/2013
Da mesma forma que a política, o jornalismo também foi sacudido pelos protestos que surpreenderam o País nos últimos dias. Onde estavam os formadores de opinião, analistas e repórteres que não conseguiram prever a erupção social que tomaria as ruas de Norte a Sul do Brasil? Para o jornalista Caio Túlio Costa, eles estavam fora das redes sociais ou conectados apenas com o próprio grupo - sem buscar analisar a realidade a partir das plataformas sociais, a grande novidade desse movimento atual.
Caio Túlio (foto à esquerda) é um expert em mídia e redes sociais. Primeiro ombudsman do jornal Folha de S.Paulo, um dos criadores do portal UOL, professor de ética e da área de comunicação frente às novas tecnologias, e um dos comandantes da campanha de Marina Silva à Presidência em 2010, ele esteve em Belém na semana passada para uma conversa sobre “Redes Sociais e as Mobilizações Sociais”. O evento fez parte do Movimento HotSpot, que premia inovações nas artes e comunicação. Curador do projeto, o jornalista falou com exclusividade ao Diário sobre mídia, política e uso das redes.
Assim como os partidos políticos e as autoridades de modo geral, a imprensa esteve na berlinda durante as manifestações das últimas semanas. Na sua opinião, por que isso aconteceu?
Caio Túlio Costa– A imprensa foi alvo topicamente. Ela acabou sendo uma grande aliada dos manifestantes e até maximizou, no bom sentido, a abrangência das mobilizações. Mas acho que a imprensa chegou tarde. O movimento conseguiu mobilizar as pessoas, no início poucas, e conseguiu levá-las para a praça pública, para as ruas. Depois, usando as redes, esse mesmo movimento conseguiu fazer com que essas pessoas voltassem às ruas e fossem aumentando. Aconteceu em uma semana fatídica em que, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, a polícia foi muito violenta. Isso fez com que a imprensa respondesse. Isso ajudou mais uma vez a fazer com que o movimento se espraiasse da maneira como se espraiou.
Os movimentos não têm líderes definidos e isso às vezes é meio difícil de explicar. O senhor acha que nós, jornalistas, estamos preparados para cobrir esses fatos?
C.T.C. – Assim como os políticos tradicionais, os empresários, os jornalistas ficaram surpresos com o que estava acontecendo. Não teriam ficado surpresos se tivessem um olho constante na Internet, nas redes sociais e na própria rua. Eu acho que tão surpresos quanto os jornalistas, estão também os participantes do movimento. Nem eles tinham a dimensão da importância do que isso poderia acabar tendo e teve. Agora, vamos saber a real dimensão disso mais para frente. Algumas consequências já estão acontecendo. Por exemplo, nos últimos dias, vários políticos foram pegos gastando dinheiro público para fazer viagens particulares.
Deputados e senadores trabalhando em pleno julho, por exemplo...
C.T.C. – Realmente isso já é outra coisa inédita [risos]. E vimos também as prefeituras, ou recuando ou não aumentando as tarifas, além de outros movimentos, como o dos caminhoneiros. A população estava completamente abúlica e agora está se manifestando pontualmente de diversas formas e, às vezes, com extremo vigor.
O senhor falou que os jornalistas foram surpreendidos. Em sua opinião, por que não se percebeu que esse movimento estava chegando à superfície?
C.T.C. – Eu acho difícil fazer essa análise neste momento porque estamos no meio do furacão. Mas uma das razões possíveis é o fato de os jornalistas estarem completamente fora das redes sociais. Ou estarem dentro da rede só com seus pares e não tentando entender o movimento nas redes. Mas geralmente é assim que acontece. Muitos movimentos que fazem sucesso na rede têm sua origem na imprensa tradicional. Mas a maioria, principalmente, os de reivindicações, só depois que acontecem na rede conseguem algum espaço na mídia tradicional.
Ainda separam muito o mundo virtual do mundo real, não é?
C.T.C. – Sim. E a coisa parece que só tem importância quando aparece na mídia tradicional. Mas isso é para várias gerações, que a gente pode considerar como gerações antigas, que ainda não estão acostumadas com essa nova forma de apreender o conhecimento. É uma forma multimídia, completamente diferente da forma livresca na qual a gente aprendia as coisas antigamente.
O senhor trabalhou na campanha da Marina Silva em 2010. E nessa campanha já houve uso bastante intensivo das redes sociais...
C.T.C. – A Marina foi muito inteligente. Ela tinha pouco tempo de televisão e não estava disposta a fazer alianças que aumentassem aquele tempo. Então tomou a seguinte decisão: vamos investir tudo que a gente puder nas redes. E ela contratou profissionais, entre os quais me incluo, que abraçaram aquilo com toda a vontade de fazer.
As mídias tradicionais acabaram servindo para chamar o público para as redes?
C.T.C. – As mídias tradicionais foram bastante usadas na campanha também. A gente fez uma comunicação em 360º. Utilizava todos os recursos possíveis e passamos a conversar diretamente com as pessoas. Foi um uso bastante intensivo e, ao mesmo tempo, gostoso de ser feito porque ali tinha uma causa. E quando você tem uma causa, não precisa de mais nada. Se a tua causa fala alto, principalmente para a juventude que está nas redes, isso é maravilhoso. E é isso que ela [Marina] tinha e tem.
O senhor acha que em 2014 o uso das redes sociais vai se intensificar a partir do que a gente está assistindo hoje?
C.T.C. – Acho difícil prever qualquer coisa para 2014. Agora, sem dúvida, vamos ter um uso muito maior da internet, das redes, inclusive para captação de recursos em 2014. Tem muita gente já pensando nisso e um pouco dos movimentos que a gente viu agora são uma espécie de ensaio possível para uma campanha em rede ano que vem.
Muita gente diz que a Marina é a candidata que mais vai capitalizar, em termos de votos, estes movimentos. O senhor acha que isso pode acontecer?
C.T.C. – Eu acho que pelo fato dela ter uma causa, do ambiente, da sustentabilidade como um todo, e o fato de ser uma causa que fala muito próximo dos jovens, irá beneficiá-la muito.
Por outro lado ela é evangélica. O senhor acha que isso pode afastar o eleitor mais de esquerda? Questões como o aborto, a descriminalização da maconha...
C.T.C. – São questões que ela tem enfrentado de cabeça erguida, com muita altivez. Até agora não tem afastado [eleitores]. Ela conseguiu 20 milhões de votos e, se você olhar a distribuição dos votos, teve muito voto evangélico, de católico, de ateu, de petista arrependido, de conservadores também. No meu entender, ela consegue manter um certo pluralismo, um certo ecumenismo.
Voltando à questão das redes, a gente observa que, ao mesmo tempo que tem um movimento incentivando as pessoas a irem para as ruas, tem uma espécie de antimovimento. Esses grupos são mais de direita ou de esquerda, como é que a gente poderia situar?
C.T.C. – Uma das facetas desse atual movimento é que está todo mundo atônito em relação inclusive a essas expressões como direita e esquerda. Você tem ali dentro verdadeiros arruaceiros, baderneiros a rigor, aproveitando o movimento. Acho que você tem ali pessoas conservadoras, pessoas de extrema esquerda... Há quanto tempo a gente não ouvia falar de anarquistas e agora isso voltou...
E ainda tem os apartidários...
C.T.C. – Sim, você tem aqueles que não querem saber de partidos. Eu acho que tudo isso faz parte do caldo de cultura contemporâneo que tem a ver com um grande escritor polonês que se chama Zygmunt Bauman [sociólogo, autor de várias obras, entre elas “O mal-estar da pós-modernidade” e “Modernidade Líquida”]. Ele fala exatamente da condição de liquefação, não somente das instituições, mas das relações entre as pessoas. Acho que é isso que a gente está vivendo. Isso está deixando as pessoas ainda meio atônitas e sem a capacidade de analisar.
O governo reagiu bem às manifestações em sua opinião?
C.T.C. – Demorou muito para reagir. Reagiu na medida da sua capacidade de desentendimento do que estava acontecendo, não de entendimento. A primeira fala da Dilma foi um fiasco. A segunda fala acabou sendo um fiasco, não junto à população, porque pode até ter tido alguns efeitos especiais, mas teve uma reação muito forte junto à oposição, aos partidos. Dentro do desentendimento em que está, o governo está reagindo razoavelmente bem.
Reforma política é um caminho para atender às demandas expostas nas ruas?
C.T.C. – Eu acho que o País precisa não só de reforma política. Precisa de reforma tributária. O país precisa de reforma nas suas instituições. A Justiça não pode continuar lenta da forma como é. Acho que tem muita coisa que ainda vai aflorar e que vai fazer parte dos movimentos nas ruas.
Há uma crise de representação?
C.T.C. – A esfera pública está se desconstruindo. É uma crise de instituições. E não é só no Brasil, é no mundo inteiro. No mundo inteiro vemos esses movimentos diferenciados que estão acontecendo, como a revolução na comunicação. Estamos vivendo um momento muito especial na história da humanidade. Acho que agora é que está acabando a era agrária. Estamos indo para uma era que não tem nome ainda.
Apesar das limitações de análise, o senhor acha que tem algo destes movimentos que ficará para o futuro?
C.T.C. – As pessoas não precisam mais das mídias tradicionais para fazer qualquer movimentação, para fazer qualquer pedido de mudança ou reivindicação. Elas têm esse poder de mídia. Hoje, seja uma única pessoa, sejam mil pessoas ou cem mil pessoas, elas têm o poder da mobilização tanto presencial quanto virtual. Isso é poder de mídia. Qualquer pessoa vai a um local de acesso público à internet, grava um vídeo para o Youtube e aquele vídeo pode ter repercussão mundial instantânea e provocar alguma coisa. É isso que mudou e é isso que fica. Aonde isso vai nos levar? Eu não sei.
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http://www.diariodopara.com.b
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* A democracia precisa chegar ao ponto de ônibus

Por Luciano Martins Costa em 12/07/2013 na edição 754
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 12/7/2013
Os jornais desta sexta-feira (12/7) destacam o fracasso das centrais sindicais em promover manifestações massivas nas grandes cidades do País. Como se afirmou neste espaço, o “dia nacional de luta” dos sindicalistas não teve a menor importância: nem mesmo conseguiu, por exemplo, piorar o trânsito de São Paulo.
Os jornais paulistas destacam a “baixa adesão” e o Globo reflete os confrontos promovidos no Rio de Janeiro por manifestantes que atacaram o Palácio Guanabara. No mais, foi, como se disse nesteObservatório, “muito barulho por nada”.

A tentativa das organizações sindicais de aproveitar a oportunidade criada pelos protestos de junho para levar às ruas suas reivindicações fracassou porque elas representam aspectos de uma modernidade envelhecida, que já não representa a verdade das relações sociais. Presas na armadilha burocrática do oficialismo, elas são parte de um contexto que rapidamente vai passando para os arquivos da História, enquanto novas realidades vão se configurando.
A imprensa registra factualmente esse desmanche, mas ainda não assumiu o fato de que também ela, a mídia tradicional, faz parte do conjunto de instituições que se diluem no processo inexorável da mudança, cuja expressão mais evidente tem sido a sucessão de manifestações aparentemente caóticas que eclodem por várias partes do mundo.
No Brasil, esse fenômeno coloca, curiosamente, no mesmo lado, a imprensa conservadora e alguns pensadores que arejaram o ambiente intelectual no século 20. Então, nos deparamos com o fato de que os campos tradicionalmente definidos como de esquerda e direita decifram com facilidade as palavras de ordem dos carros de som dos sindicalistas, mas não conseguem compreender a profundidade da proposta das massas difusas que foram levadas às ruas pelo Movimento Passe Livre.
Tanto nas redes sociais como nos auditórios das universidades, ecoam palavras espantadas das mentes que não conseguem transitar da velha ordem para o ambiente caórdico da transição. [Neste mesmoObservatório, a escritora e jornalista Elizabeth Lorenzotti nos oferece um panorama desse desencontro entre a teoria e a realidade: intelectuais consistentes como Marilena Chauí e Francisco de Oliveira têm dificuldades para compreender a sociedade das redes digitais. Ver aqui]
Transitar é preciso
A dificuldade em interpretar ou compreender o peso histórico das grandes mobilizações de junho se prende ao fato de que elas demandam uma nova institucionalidade democrática que não cabe nos cânones clássicos que compuseram o embate dialético do século passado. Essa nova institucionalidade tem uma natureza ainda fluida e precisa encontrar o recipiente adequado.
Na última quarta-feira, 10, a Comissão Especial de Aprimoramento das Instituições Brasileiras, formada na Câmara dos Deputados, abriu suas portas para representantes do Movimento Passe Livre, epicentro dos protestos que sacudiram a sociedade nas últimas semanas. A mensagem que os parlamentares e seus convidados ouviram era simples e clara: os jovens que saíram às ruas em junho querem transporte público, gratuito e de qualidade.
Simples assim: eles sabem que o direito fundamental de ir e vir é o eixo de todas as demandas por direitos civis. Sem transporte, ou com transporte restrito e de alto custo, eles ficam condenados à exclusão cultural, apartados da diversidade criativa das grandes cidades, e também têm limitadas suas possibilidades de deslocamento em busca de melhores empregos, de boas oportunidades de educação, dos recursos da saúde e do lazer.
Essa simplicidade reveladora não cabe no kanon das sofisticadas elaborações teóricas de Chauí e Oliveira nem na rusticidade da narrativa jornalística tradicional. A mobilidade urbana é o direito essencial da democracia contemporânea e também a representação de uma possibilidade inesperada: a de uma “tecnologia da libertação” capaz de transferir, ainda que precariamente, o controle dos meios de produção da comunicação a milhões de usuários – ao portar um aparelho móvel que o conecta com o mundo exterior, o indivíduo se torna, ao mesmo tempo e de maneira intermitente, consumidor, produtor e produto da cultura.
Anarquistas futuristas e o mais límbico dos reacionários podem se manifestar nas redes digitais, onde também se organiza a diversidade que leva às ruas as massas conscientes do valor de suas reivindicações. A passeata é a expressão física da mobilidade na comunicação digital. Sem transporte, os indivíduos são móveis apenas no mundo virtual. Sem mobilidade física, milhões de jovens brasileiros são condenados aos guetos onde precisam resistir à tirania do crime organizado e da polícia arbitrária, onde as velhas institucionalidades querem mantê-los confinados.
A democracia precisa chegar ao ponto de ônibus e à estação do trem.

* Usando energia suja o Brasil acelera em marcha à ré

Iniciativas em direção a uma economia de baixo-carbono já revelam as dez mais promissoras inovações tecnológicas dessa inevitável transição: a) isolamento térmico de novas construções conforme o padrão Passivehaus e reformas com o mesmo fim; b) veículos movidos a baterias elétricas; c) biocombustíveis de segunda geração (material lignocelulósico); d) cogeração de energia; e) energia solar, principalmente fotovoltaica (PV) e concentrada (CSP); f) energia eólica; g) energia dos oceanos, principalmente de marés, ondas e correntes marítimas; h) captura de carbono: carvão limpo, algas e limpeza do ar; i) “biochar”: carbono sequestrado em carvão vegetal; j) solos e florestas: melhoria dos naturais sumidouros de carbono.
A energia nuclear não entra na lista por razão bem mais prosaica do que os conhecidos riscos que ela envolve: a construção de novas usinas tem ficado muitas vezes mais cara que se supõe. Ultimamente o custo de capital por kilowatt/hora tem se aproximado dos US$ 10 mil, quatro ou cinco vezes mais do que as previsões orçamentárias. Ao contrário do que ocorre com as dez soluções listadas, ela não segue a chamada curva de aprendizagem.
Ora, nada será mais decisivo para a transição do que preços que possam tornar mais competitivas as alternativas à velha troika fóssil. O processo de descarbonização deslanchará para valer quando os preços relativos viabilizarem a obtenção dos imensos ganhos de eficiência energética oferecidos por várias das dez tecnologias relacionadas acima. O que simultaneamente alavancará as descobertas científicas que, mais adiante, farão com que as fontes fósseis sejam condenadas à obsolescência econômica.
A principal dificuldade está, portanto, na mudança institucional necessária à alteração dos preços relativos. Seus mais ferrenhos inimigos são os atuais beneficiários dos negócios vinculados à produção e à distribuição de eletricidade, petróleo, carvão, gás e derivados. E o acanhamento dos defensores decorre da inevitabilidade de que fique bem mais salgado quitar a conta mensal de luz ou encher o tanque do carro, sem que haja qualquer melhoria imediata de qualidade de vida. Nada parecido com a telefonia celular, por exemplo, absorvida quando ainda era caríssima porque revolucionava a vida de seus primeiros usuários.
Ocorre que essa aversão à carestia energética poderá ser neutralizada se cada domicílio receber de volta um dividendo mensal resultante da repartição igualitária do decorrente aumento de arrecadação fiscal. As famílias com menor consumo de energia sairão ganhando, e as outras passarão a ter um forte incentivo para elevarem a eficiência energética de suas residências e veículos. Esta é a lógica da proposta intitulada “cap-and-dividend”, que surgiu nos EUA para superar as desvantagens das anteriores. Basicamente três: imposto sobre as emissões (“carbon tax”), mercado de direitos de emitir (“cap-and-trade”), e cotas de renováveis na geração de eletricidade (“renewabe energy mandate”). Em 2009 o Congresso certamente aprovará leis que gerem um híbrido dessas quatro opções. O que levará os EUA a disputar a liderança da próxima indústria global: a das energias limpas. Vanguarda que por enquanto está na Europa, como mostrou a criação da IRENA: International Renewable Energy Agency (www.irena.org).
Nesse contexto, o Brasil adota posição reacionária, alegando que sua matriz energética já é limpa, devido à hidroeletricidade e ao bioetanol de primeira geração. Um sofisma que evaporará no exato instante em que for divulgado o segundo inventário nacional de emissões de gases estufa. O primeiro já havia revelado que as jurássicas emissões causadas por desmatamentos e queimadas aumentaram 2% entre 1990 e 1994, enquanto as demais davam um salto de 16%. Disparidade que se aprofundou, pois os cálculos da organização “Economia & Energia” para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) mostraram que as emissões atribuíveis à produção e uso de energias tiveram uma escalada de 45% entre 1994 e 2005, período em que o incremento do PIB foi de 32%. Pior: dobraram no setor energético, enquanto aumentavam 45% no de transportes e 41% no industrial.
Justamente por ter tido a sorte de contar no passado com uma das mais limpas matrizes, o Brasil é agora o único grande emissor que faz caminho de volta ao passado: aumenta a intensidade de gases estufa de sua economia. Mazela que só poderá piorar se forem levados a sério os perdulários planos do Ministério das Minas e Energia (MME): o PDEE-2015, o PNE-2030 e o recém lançado PDE-2017. Três excentricidades que, se postas em prática, sepultariam o PNMC (Plano Nacional sobre Mudança do Clima), aplaudido há três meses pela comunidade internacional na reunião de Poznan.
Mas estão longe de se limitar aos desvarios do MME as evidências de que o Brasil acelera em marcha à ré. Por exemplo, enquanto nos EUA um pacote de estímulo econômico aloca novos US$ 3 bilhões ao sistema de ciência e tecnologia, aqui o titular do MCT precisa apaziguar representantes da comunidade científica que reagem a corte orçamentário feito pelo Congresso. Simultaneamente, o Ministério dos Transportes faz das tripas coração para tornar prioritária a pavimentação da BR-319. Uma obra que em vez de acelerar o crescimento – a tosca finalidade do PAC – só multiplicará desmatamentos e queimadas de florestas amazônicas, lançando a última pá de cal sobre os nobres compromissos que o governo brasileiro anunciou em Poznan. E sem esquecer a mesopotâmica campanha do Ministério da Agricultura contra o Código Florestal, mais a Medida Provisória 458 sobre a regularização fundiária da Amazônia, que favorecerão novo ciclo de expansão da fronteira predatória.
Em suma, nada de estranho quando se lembra que a nata das elites dirigentes – tanto pró-governo quanto de oposição – comunga a crença de que desenvolvimento seja sinônimo de aceleração do crescimento, além de não dar a mínima importância à qualidade de vida que estará ao alcance das futuras gerações.
José Eli da Veiga, professor titular do Departamento de Economia da FEA-USP e autor de diversos livros sobre desenvolvimento sustentável, escreve mensalmente às terças. Página web: www.zeeli.pro.br .
* Artigo originalmente publicado no Valor Econômico,

* Energia mais suja e cara

Entre 2005 e 2010 houve uma enorme mudança no padrão de emissões de gases de efeito estufa no Brasil.  Dados divulgados em junho pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, mostram que as emissões totais de GEE do Brasil caíram 38,7% resultado formidável e explicado pela queda de mais de 70% das emissões oriundas de desmatamento. Por outro lado, as emissões dos demais setores cresceram  quase 12% puxados principalmente pelo setor de energia que aumentou em 21,4% as emissões.

O setor de energia que representava 16% das emissões em 2005, em 2010 atingiu 32%. Desde então a situação só se agravou. As termoelétricas convencionais (diesel, carvão, gás) que deveriam ser utilizadas apenas como energia de reserva, ligada em situações esporádicas (em geral até 30 dias por ano) estão ligadas continuamente desde meados de 2012.

O Ministro de Minas e Energia acaba de anunciar o desligamento de parte destas termoelétricas a partir de julho. Para além dos enormes custos que ocasionaram (cerca de R$ 1,4 bilhão por mês) tiveram enorme impacto nas emissões de GEE.

Em 2011 as emissões geradas para produzir energia elétrica no Sistema Integrado Nacional foi de 14,8 milhões de tCO2 (o equivalente a emissão de 14 milhões de carros populares rodando com gasolina). Em 2012 estas emissões ultrapassaram 34 milhões de tCO2, ou seja, um aumento de 130%. Apenas nos seis primeiros meses de 2013 as emissões já superam 28 milhões de tCO2.

Neste contexto, é um paradoxo a decisão da Empresa de Planeamento Energético e do MME realizar um leilão exclusivo para energia de termoelétricas, com destaque para o carvão mineral, a fonte mais poluente.  A lógica é de trocar a geração de reserva por geração de base, continua, com vistas a redução de custos. Assim, o que antes era um aumento circunstancial das emissões se tornará um fato consumado e sedimentado para os próximos anos, tornando mais poluente nossa matriz energética no momento em que o planeta precisa de energia mais limpa.

Enquanto isso desperdiçamos cerca de 2 GWh de potencial de produção Eólica (já instalados e prontos para operar) e outros 4 GWh de cogeração com bagaço de cana por falta de linhas de transmissão e entraves burocráticos.  Se tivessem sendo aproveitadas estaríamos evitando mais de 50% das emissões das termoelétricas ligadas nos últimos meses.

Ainda  é tempo de rever o leilão de termoelétricas marcado para agosto e recolocar o Brasil no trilho de uma matriz energética mais limpa.

Engenheiro florestal, consultor e empreendedor social em sustentabilidade, floresta e clima. Foi Diretor Geral do Serviço Florestal Brasileiro e Diretor Executivo do Imaflora.
Publicado em O GLOBO em 10/07/2013

* RESUMOS DAS PRINCIPAIS NOTÍCIAS DOS JORNAIS DO DIA 12 DE JULHO DE 2013

RESUMO DE MANCHETES DAS PUBLICAÇÕES DE ALGUNS DOS JORNAIS

12 de julho de 2013



Leia em PDF a edição do Jornal do Senado desta sexta-feira:


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Diário de Pernambuco

As manifestações do Dia Nacional de Luta, organizadas ontem pelas centrais sindicais em todo o país, foram marcadas por menos gente nas ruas em relação aos protestos de junho. O perfil e a pauta da maioria também eram diferentes. No Recife, cerca de três mil pessoas participaram de forma pacífica. No Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Porto Alegre aconteceram tumultos.

A velha voz das ruas é o destaque do Diario de Pernambuco desta sexta-feira. 

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Jornal do Commercio

Manchete: Pouca gente nas ruas e protestos variados
Dia Nacional de Lutas foi marcado pela baixa adesão no Recife, mas com vários grupos envolvidos, reivindicações foram amplas. De “Fora, Dilma” e “Fora, Eduardo” à reforma política, 10% do PIB para a educação e fim do fator previdenciário.

Suape
Pela manhã, a PE-60, que dá acesso ao porto, foi fechada. Houve engarrafamento, mas os manifestantes se retiraram logo às 10h, sem violência.

Reunião
Membros do governo receberam sindicalistas na Assembleia, discutiram propostas mas não foram firmados compromissos.

Eduardo
Em viagem ao Sertão, governador não escapou das manifestações. Em Salgueiro e Serrita ele foi alvo de cobranças populares.

Mobilização
Ocorreram manifestações em todas as 26 capitais e no Distrito Federal, além do bloqueio de 48 rodovias em 18 Estados. (Págs. 1 e 3 a 8)

Cadeirinhas de bebê passarão por recall
Defeito no cinto de segurança obriga fabricantes a consertar ou trocar quase 13 mil dos produtos para automóveis. (Págs. 1 e Economia 1)
Pane na TIM
Aquecimento em estação causou problema e clientes tiveram muita dificuldade para telefonar ontem. (Págs. 1 e Economia 3)

O Globo




Manchete: A volta dos sindicatos: Novos protestos fecham estradas e ruas pelo país
Atos de Centrais mobilizaram menos que manifestações de jovens no mês passado.

No Rio, passeata convocada por sindicalistas reúne cerca de cinco mil pessoas e termina em confronto entre PMs e radicais mascarados no Centro, onde bancos não abriram, e nas imediações do Palácio Guanabara.

A mobilização das centrais sindicais causou a interdição de trechos de rodovias federais em 18 estados, mas levou às ruas muito menos gente que as manifestações organizadas pelas redes sociais, em junho. Houve atos em 22 estados e no Distrito Federal. Em São Paulo, a marcha reuniu dez mil pessoas na Avenida Paulista. Em junho, 100 mil saíram às ruas apenas em um dia na capital paulista. No Rio, foram cerca de cinco mil pessoas, contra 300 mil em 20 de junho. A passeata, pacífica no Centro, acabou em confronto entre PMs e um grupo de mascarados. Também houve confronto em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado. O principal alvo dos protestos foi a equipe econômica de Dilma, criticada até pela CUT, ligada ao PT. (Págs.1 e 3, 6, Míriam Leitão e Merval Pereira)

PT, de dono das ruas a coadjuvante
Sem as camisas e bandeiras vermelhas do partido, petistas participaram discretamente dos atos convocados pelas centrais. No mês passado, o PT foi hostilizado nos protestos.

Atos em números

66 bloqueios de rodovias
Todos eles em estradas federais.

18 estados

Registraram esses bloqueios.

5 mil pessoas

Participaram de marcha no Rio.

10 mil pessoas

Foram à passeata na Av. Paulista. (Págs. 1 e 6)

‘EUA espionaram mais do que dizem’
Ministro das Comunicações tem certeza de que conteúdo de e-mails e ligações foi violado e teme pelo vazamento de informações estratégicas do governo. Microsoft teria ajudado agência americana a bisbilhotar. (Págs. 1 e 29 e 30)
Investimentos: Estrangeiros de volta puxam a Bolsa
A expectativa de que o BC americano demore a retirar os estímulos da economia e a subir os juros por lá fez com que investidores estrangeiros voltassem ao mercado brasileiro atrás de ganhos. A Bovespa subiu 2,51%. O governo anunciou mais uma medida para atrair dólares. (Págs. 1 e 21)
Comércio decepcionou
Mesmo com Dia das Mães, vendas ficaram estagnadas em maio. Em 12 meses, foi o pior resultado desde 2009. (Págs. 1 e 23)
Jornada da Juventude: Feriados deixam cariocas confusos
Bancos, comércio e Correios ainda não sabem se abrirão nos dias de visita do Papa Francisco ao Rio. Empresários evitam falar sobre prejuízo com visita. Só no Centro, FGV estima uma perda de R$ 15 milhões por dia. (Págs. 1 e 12)
Papa criminaliza pedofilia
Padres que forem condenados por abuso de menores podem ser sentenciados a até 12 anos de prisão por Vaticano. (Págs. 1 e 31)
Torcida padrão Fifa: Maracanã não terá bumbo e bandeirão
O Consórcio Maracanã vai conversar com os clubes para estabelecer um "padrão Fifa" para as torcidas. Não será permitido ficar sem camisa, entrar com bumbos nem levar bandeiras com mastros ou que tapem a visão. (Págs. 1 e Caderno esportes)
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O Estado de S. Paulo

Manchete: Protestos têm baixa adesão e centrais poupam Dilma
Ato com pauta trabalhista foi mais expressivo em capitais onde transporte parou; no Rio, houve confronto

Organizado por nove centrais sindicais em todo o País, o Dia Nacional de Lutas levou manifestantes novamente às ruas ontem em 26 capitais e no Distrito Federal, mas em proporções bem menores que os protestos iniciados no dia 6 de junho. Os presidentes das centrais cumpriram acordo e evitaram ataques diretos ao governo Dilma Rousseff. Eles fugiram de temas polêmicos, como plebiscito e reforma política. Nas entrevistas, porém, não escondiam suas diferenças. Com o foco em pautas trabalhistas - fim do fator previdenciário, redução de jornada de trabalho e contra a terceirização de profissionais -, as manifestações tiveram maior visibilidade nas cidades em que houve paralisação dos serviços de transporte, como em Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES). A cidade de São Paulo saiu da rotina e a quinta-feira pareceu domingo. Ao longo do dia, atos fecharam grandes vias da capital, mas quase não houve congestionamentos. (Págs. 1 e Política A4 a A9)

Bloqueios afetam venda e produção

As manifestações organizadas ontem petas centrais sindicais afetaram a produção industrial e as vendas do varejo. Trabalhadores não conseguiram se deslocar. A produção foi paralisada em pelo menos quatro refinarias brasileiras e em oito unidades de montadoras. (Págs. 1 e A9)

Análise

Marco Antonio Teixeira
Autonomia do povo

Em contraste com os protestos de junho, o Dia Nacional de Lutas ficou muito aquém do esperado. A possível resposta estaria na condução da manifestação e as pautas. (Págs. 1 e A5)

Dora Kramer
Atrás do fio elétrico

Em uma tentativa de recuperar um território perdido, entidades - afônicas e destreinadas - tentaram sem êxito imitar o inimitável clamor das manifestações juninas. (Págs. 1 e A8)

Fotolegenda: Rio tem confronto e ferido

Protesto no Rio foi marcado por provocação entre manifestantes e sindicalistas e confronto com a PM. Um policial foi ferido na cabeça. (Págs. 1 e A6)

Fotolegenda: Marchas fecham estradas

Manifestantes bloqueiam a Dutra no sentido São Paulo. Trechos de ao menos 48 estradas em 18 Estados foram paralisados. (Págs. 1, A8 e A9)

Após mudança contábil, Petrobrás eleva lucro
Uma mudança feita pela Petrobrás na forma de contabilizar sua dívida exposta à variação cambial deve permitir à estatal melhorar o resultado do segundo trimestre em cerca de R$ 7 bilhões. Com isso, a empresa reduz sua exposição ao câmbio em cerca de R$ 70 bilhões e aumenta o lucro. O resultado é a elevação do pagamento de dividendos aos acionistas, sendo o principal deles a União. Para analistas, o novo cálculo coloca a Petrobrás na “contabilidade criativa” do governo no esforço de atingir a meta fiscal. (Págs. 1 e Economia B1)
Senado regulamenta emprego doméstico
O Senado aprovou a regulamentação do emprego doméstico. A proposta preenche as lacunas da legislação, como o pagamento do FGTS e do seguro-desemprego, e a dinâmica da jornada de trabalho. O texto vai à Câmara. (Págs. 1 e Economia B3)
Com 10 vetos, ato médico é sancionado e categoria critica
A presidente Dilma Rousseff sancionou com dez vetos a lei que regula a atividade médica. Foram retirados pontos como o que considerava diagnóstico e prescrição terapêutica atividades exclusivas da medicina. A medida desagradou à classe médica, mas foi bem recebida por enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e acupunturistas, que consideravam o texto restritivo. (Págs. 1 e Metrópole A22)
Mercosul deve aceitar retorno do Paraguai
Os membros do Mercosul manifestaram “boa disposição” para a volta do Paraguai ao bloco. O retomo deverá ocorrer após 15 de agosto, quando Horacio Cartes assumirá a presidência paraguaia. O país foi suspenso do Mercosul há um ano após a deposição de Fernando Lugo. (Págs. 1 e Internacional A16)
Deputados pedem vaga para ver papa
Pelo menos 20 deputados já pediram carona no avião da FAB que levará o presidente da Câmara, Henrique Alves, ao Rio para recepcionar o papa Francisco. (Págs. 1 e Política A10)
Vaticano criminaliza pedofilia e corrupção (Págs. 1 e Internacional A19)


SP quer alfabetizar crianças até os 7 anos (Págs. 1 e Metrópole A24)


Direto da Fonte
A Técnica Construções, ligada à Delta, foi 1ª colocada em licitação do Dnit. A coluna telefonou para a autarquia e recebeu parecer, emitido ontem, com a exclusão da empreiteira. (Págs. 1 e Caderno 2, C2)
Celso Ming 
Quando melhorar...

Como não há nada de novo na administração da economia, também não dá para contar com que, em apenas cinco ou seis meses, algo melhore. (Págs. 1 e Economia B2)

Antero Greco 
Silêncio! Homens jogando

A administração do Maracanã não quer bambus, bumbos e torcedor em pé no estádio, um lugar para extravasar alegria e confraternizar. (Págs. 1 e Esportes A26)

Notas & Informações
Só o BC contra a inflação

Depois de quase dois anos de política frouxa, o BC voltou a cuidar de sua missão principal. (Págs. 1 e A3)

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Correio Braziliense


Manchete: Vetos à lei do Ato Médico agravam crise na saúde
Representantes de conselhos e associações de medicina dizem que a categoria foi “traída” pela decisão da presidente Dilma e ameaçam sair dos fóruns governamentais. Profissionais de outras áreas festejam a derrubada do que qualificaram de “reserva de mercado". (Págs. 1 e 7)
Fotolegenda: Força mínima
Poucos trabalhadores aderiram ontem ao Dia Nacional de Lutas. Houve passeatas em diversas cidades, entre elas Brasília. Em São Paulo e outros 17 estados, rodovias foram bloqueadas. No Rio de Janeiro, manifestantes entraram em confronto com a PM. (Págs. 1, 2, 8 e 9)
Microsoft ajudou governo dos EUA, afirma ex-espião (Págs. 1 e 15)


Vaticano: Castigo maior a religiosos
Crimes como pedofilia e lavagem de dinheiro terão penas severas após mudança no código penal instituída pelo papa. (Págs. 1 e 14)
Senado: PEC dos juízes só em agosto
Plenário adia a votação de punições mais rígidas para magistrados e o fim da aposentadoria com valores proporcionais. (Págs. 1 e 3)
Taxa de 3,2% para indenizar as domésticas
O Senado aprovou a redução de 12% para 8% na alíquota do FGTS. Mas os patrões terão que depositar uma contribuição extra para custear a multa de 40% em caso de demissão. A proposta será votada pela Câmara. (Págs. 1 e 11)
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Valor Econômico

Manchete: Grandes bancos privados têm recursos em excesso
Os clientes dos grandes bancos privados continuam com sobras de recursos e buscam aplicações financeiras. Os bancos, por sua vez, mantêm cautela na concessão de crédito, preocupados em preservar a qualidade de seus ativos diante de uma economia com baixo crescimento. O resultado dessas duas tendências é o acúmulo de recursos nas instituições financeiras, principalmente nas grandes, o que o mercado chama de excesso de liquidez.

Movimento semelhante já havia sido observado em 2012. Ainda não há dados públicos sobre o que ocorre agora em cada banco, mas, segundo executivos de grandes instituições, os balanços do segundo trimestre devem apontar que a sobra de caixa continuou a se ampliar nos últimos meses. O funcionário de um banco privado de grande porte relata que a liquidez da instituição está em um nível recorde. O fenômeno é mais característico dos bancos privados, porque os públicos, por decisão do governo, mantêm uma política de crédito mais agressiva. (Págs. 1 e C1)

Novidade contábil na Petrobras
A mudança nos mecanismos de contabilização de hedge anunciada pela Petrobras e a perspectiva de lucro mais robusto decorrente dessa decisão animaram investidores. As ações ordinárias da estatal subiram ontem 7,25% e as preferenciais, 3,88%. A nova contabilidade, já em vigor desde maio, vai suavizar o impacto das variações do dólar na dívida externa e no balanço. Parte desse impacto será compensado pela "proteção natural" oferecida pelas receitas estimadas com exportação. Esse mecanismo está contemplado nas normas contábeis e sua utilização é opcional. (Págs. 1 e B5)
Hackers, um desafio para sistemas de TI 
Desde abril, clientes dos quatro maiores bancos brasileiros enfrentaram, em datas diversas, problemas para realizar operações corriqueiras via internet, nas agências ou em caixas de autoatendimento. As explicações dadas pelas instituições financeiras foram as mesmas: "instabilidade" ou "pane" no sistema que interliga agências, caixas eletrônicos e serviço na internet. As causas que provocam essas panes, porém, são variadas. Podem resultar do rompimento de cabos de fibra ótica que fazem a conexão entre os centros de dados dos bancos e as agências, falhas em softwares ou mau funcionamento de equipamentos. Mas os problemas são mais frequentemente provocados por hackers. (Págs. 1 e B3)
Delta diz que Técnica tem aval da Justiça
A criação de uma subsidiária da construtora Delta - declarada inidônea e envolvida nos escândalos do contraventor Carlinhos Cachoeira - para disputar licitações de obras públicas, não tem nada de ilegal. Ela está amparada na Lei de Recuperação Judicial e tem o aval da juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial do Rio. É o que afirmou ao Valor o diretor-executivo da Delta, Dionísio Janoni, que chegou à presidência do grupo Delta depois que Fernando Cavendish foi afastado do cargo.

Em recuperação judicial, a Delta quer usar a subsidiária Técnica Construção para que seus ganhos sejam utilizados para pagar os credores da Delta dentro do plano de recuperação judicial. "Não haverá pagamento de dividendos", disse Janoni. A Técnica já disputou mais de 20 obras, das quais tem chance de vencer a concorrência em dois casos. (Págs. 1 e B6)

No Dia de Luta, sucesso parcial
A mobilização foi nacional, mas Porto Alegre foi a única capital a parar com a adesão de 100% dos motoristas de ônibus ao Dia Nacional de Luta. Sem greve no setor de transportes e com presença de pessoas pagas para segurar bandeiras, as centrais sindicais reuniram cerca de 10 mil pessoas na avenida Paulista, em São Paulo. O pico de congestionamento, de apenas 12 km, se deveu a um movimento preventivo de empresas que dispensaram funcionários e comércio fechado.

Com a retração do PT e um acordo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao partido, com as outras centrais, o ato foi mais contido nas críticas à presidente Dilma Rousseff. A Força Sindical afirmou que "milhões de trabalhadores" foram às ruas, com números imprecisos em fábricas, portos e rodovias. (Págs. 1 e A6 e A7)

Na Venezuela, empresa fecha fábrica, mas não pode demitir
Há quatro meses, 220 trabalhadores continuam recebendo os salários pagos pela AB InBev, controladora da fábrica que produzia cerveja Brahma na cidade venezuelana de Barquisimeto. A produção foi interrompida por causa da queda nas vendas e aumento dos custos, mas os funcionários continuam recebendo, como manda uma lei trabalhista de 2012 que obriga as empresas a obter permissão do governo para demitir qualquer funcionário. O Estado ainda não aprovou nenhuma demissão, diz Aurelio Concheso, diretor da câmara empresarial venezuelana Fedecamaras.

O governo venezuelano negocia com o Grupo Petrópolis, que no Brasil fabrica a cerveja Itaipava, para que a empresa assuma a cervejaria fechada pela AB InBev, segundo apurou o Valor. (Págs. 1 e A9)

Operadoras criticam 'Lei do Google'
As acusações de espionagem pelos Estados Unidos a dados de brasileiros já serviram para colocar em confronto operadoras de telefonia e provedores de internet que atuam no Brasil. As teles criticam propostas do novo marco civil de internet, que está em via de votação no Congresso. Para as operadoras, o projeto privilegia o acesso de provedores a dados privados de usuários, enquanto restringe o controle que elas têm hoje sobre as redes de comunicação. Os provedores, em contrapartida, acusam as operadoras de serem monopolistas e de procurarem sufocar a expansão de novos negócios na internet. O SindiTeleBrasil já batizou a proposta de "Lei do Google", por entender que ela beneficia empresas que oferecem serviços na rede. O Google rebate a crítica e acusa as teles de usarem sistemas de espionagem no Brasil. (Págs. 1 e A12)
O bilionário mercado de bitcoins
Calcula-se que já chega a US$ 1,3 bilhão o movimento no mercado de bitcoins, a moeda digital criada em 2009. Na época, 10 mil bitcoins pagariam uma pizza. Hoje, valem em torno de R$ 2 milhões. Nos EUA, os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss - que processaram Mark Zuckerberg, a quem acusaram de lhes ter roubado a ideia do Facebook-, pretendem criar um fundo de investimentos lastreado em bitcoins (teriam acumulado US$ 11 milhões na moeda). Peter Thiel, cofundador do PayPal, serviço de pagamentos pela internet, lidera um grupo de investidores que pôs dinheiro no BitPay, para transações em bitcoins. Criminosos virtuais - brasileiros, inclusive - já estão em atividade nesse mercado de dinheiro alternativo. (Págs. 1 e Eu e fim de semana)
Indústria vai ao BNDES
O BNDES divulgou um aumento de 67% nos desembolsos totais de janeiro a maio desse ano, que somaram R$ 73 bilhões. Mais de um terço desse montante (RS 25,8 bilhões) foram destinados para o setor industrial. (Págs. 1 e A3)
Segura mais difícil
Com novas restrições à vista para as importações da Argentina, as seguradoras de crédito estão seletivas na concessão de cobertura para exportadores brasileiros que vendem para o país vizinho. (Págs. 1 e C12)
Lloyds Bank sem governo
Autoridades do Reino Unido delinearam um cenário em que até metade da participação que o governo tem no Lloyds Bank será vendida a investidores, um passo para a saída do capital do banco. (Págs. 1 e C12)
Acordo sobra derivativos
O braço executivo da União Europeia chegou a um acordo de última hora com a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities sobre as polêmicas regras para derivativos americanos, programadas para valer a partir de hoje. (Págs. 1 e C12)
Garantia estendida
Seguradoras e grandes varejistas tiveram que recorrer ao Judiciário para continuarem a vender garantia estendida em lojas de Minas Gerais. Por meio de decisão administrativa, o Procon-MG proibiu a comercialização do seguro dessa forma. (Págs. 1 e El)
Nike versus Centauro
Decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) não permite que uma disputa entre a Nike e a SBF Comércio de Produtos Esportivos—dona da rede de lojas Centauro—deixe de ser resolvida por arbitragem, como queria a Nike. (Págs. 1 e El)
Ideias
Leandra Peras

Falta quebrar a dinâmica da inflação alta, disseminada e resistente, que por enquanto não mudou de forma substancial. (Págs. 1 e A2)

Marta Arratche

As revoltas de junho não trouxeram nada de essencialmente novo à agenda de problemas postos para o Estado brasileiro. (Págs. 1 e A6)

Atraso na ratificação do Protocolo de Nagoya prejudica o país (Págs. 1 e A2)


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Estado de Minas




Manchete: Muitas bandeiras, pouca mobilização
100 mil pessoas foram às ruas em 156 cidades, bem abaixo do esperado

A expectativa das centrais sindicais de mobilizar 6 milhões de trabalhadores em todo o país ficou longe de ser alcançada. Mesmo assim, os protestos interditaram 66 rodovias em 18 estados e causaram transtornos e prejuízos em fábricas, portos, bancos e no transporte urbano. No Rio de Janeiro houve vandalismo e confronto no Centro e outras regiões entre manifestantes e policiais, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Em Minas, as manifestações de movimentos sindicais foram bem menores que as ocorridas durante a Copa das Confederações. Sete mil pessoas fizeram passeata em Belo Horizonte, mas os problemas foram causados pela paralisação de trabalhadores do transporte. O fechamento do metrô prejudicou 215 mil passageiros e a paralisação de ônibus causou confusão também na região metropolitana. Houve ainda fechamento de vias importantes. (Págs. 1, 7, 17 e 18)

Morre segunda vítima que caiu de viaduto durante protestos em BH (Págs. 1 e 2)

Domésticas: Senadores aprovam 20% de imposto sobre salários
Projeto regulamenta o emprego doméstico, que teve direitos ampliados pelo Congresso este ano. Da forma como o projeto foi aprovado, o empregador terá de pagar um adicional de 20% sobre o salário. Serão 8% de INSS, 0,8% de seguro acidente de trabalho e 11,2% de FGTS. (Págs. 1 e 12)
Agora é lei: Governo veta polêmicas do Ato Médico
Em novo round da briga entre o Palácio do Planalto e as entidades médicas, a presidente Dilma Rousseff sancionou ontem a lei que disciplina a categoria no Brasil sem um dos pontos mais controversos do texto: o diagnóstico restrito aos médicos. Com isso, outros profissionais da saúde poderão diagnosticar e prescrever terapias. (Págs. 1 e 7)
Congresso: Licença para taxista volta a ser hereditária
Projeto de lei que dá direito a filhos de herdarem licença de táxi foi incluído em MP sobre aumento de recursos para áreas da seca. Associações de taxistas e Ministério Público criticaram a mudança. (Págs. 1 e 21)
Reforma Penal: Vaticano eleva punição contra crimes sexuais
O papa Francisco assinou ontem decreto que altera o código penal da Igreja e aumenta a punição de integrantes da Santa Sé envolvidos em crimes sexuais, como pedofilia, e financeiros, como lavagem de dinheiro. Medida foi anunciada um dia depois de a ONU declarar que cobrará do Vaticano explicações sobre denúncias de abusos de menores por religiosos em todo o mundo. (Págs. 1 e 14)
Voos da FAB: Defesa terá de enviar lista de viagens aos senadores (Págs. 1 e 4)


Incentivo fiscal: Desoneração da folha de pagamento vai a sanção (Págs. 1 e 12)


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Zero Hora




Manchete: Meio greve, meio feriado
Dia Nacional de Lutas, convocado por centrais sindicais, teve protestos, bloqueios de estradas e cidade vazia.

Estrada interrompida - Em pelo menos 19 pontos do RS (na foto, a BR-290), sindicalistas, sem-terra, agricultores e caminhoneiros fecharam rodovias.

Capital descaracterizada - Numa quinta-feira de julho, sem circulação de ônibus e com interrupção da maioria dos serviços, cidade com cara de feriado. (Págs.1 e a 20 e 26)

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Brasil Econômico




Manchete: ‘É difícil pegar insider, mas a gente pega’
Uso de informação privilegiada no mercado financeiro é sério e exige investigação minuciosa para que os culpados sejam punidos. A tarefa, entretanto, não é impossível, garante o presidente da CVM, Leonardo Pereira, em entrevista ao Brasil Econômico. Ele defende a educação para o investidor e a capacitação das empresas. Pereira avisa ainda que conselheiros que deixam empresas problemáticas não se livram da responsabilidade. (Págs. 1 e 18 a 21)
Manifestações: Centrais param portos e estradas ao redor do país
A greve geral não aconteceu, mas os protestos convocados pelas entidades sindicais se espalharam pelos estados, interrompendo rodovias e, em alguns casos, transportes urbanos. Paulo Pereira, da Força Sindical, voltou a falar em greve geral que será discutida com outras Centrais. (Págs. 1 e 7)
Atraso na votação leva Congresso a suspender recesso
Diante dos impasses políticos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não será votada até o próximo dia 17, data marcada para a suspensão dos trabalhos. (Págs. 1 e 6)
Contramão
Produção da indústria de máquinas agrícolas está perto da capacidade máxima. (Págs. 1, 4 e 5)
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Jornal O HOJE

Leia a edição de hoje: http://ow.ly/mRpyg


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