quarta-feira, 17 de julho de 2013

* Papa Francisco: tutelar a vida desde a concepção até a morte natural




Cidade do Vaticano (RV) - Numa mensagem aos católicos da Irlanda, Escócia, Inglaterra e Gales, o Papa Francisco convida a defender a vida desde a concepção até a morte natural.

Aproveitando o Dia pela vida anualmente celebrado em diferentes datas nas Ilhas britânicas, o Pontífice ressalta o "valor inestimável da vida humana":

"Também os mais frágeis e mais vulneráveis, os doentes, os anciãos, os nascituros e os pobres, são obras-primas da criação de Deus, feitos à sua imagem, destinados a viver para sempre, e merecedores da máxima reverência e respeito."

O Papa eleva a sua oração a fim de que esta celebração "contribua para assegurar que a vida humana receba sempre a proteção que lhe é devida".

A edição deste ano tem como tema "Proteja a vida. Vale a pena", tema extraído de uma homilia pronunciada em 2005 pelo então Cardeal Bergoglio numa missa em honra do protetor das mulheres gestantes, São Raimundo Nonato, religioso espanhol do Séc. XIII que, segundo a tradição, foi tirado do corpo da mãe morta no dia precedente.

No centro da edição 2013 deste Dia pela vida encontra-se a atenção pelas crianças nascituras e as suas mães; pelos anciãos e pelas pessoas com intentos suicidas e as suas famílias.

O objetivo – explicam duas notas da Conferência dos bispos ingleses e galeses (Cbcew) e da Conferência episcopal irlandesa (Icbc) – é "favorecer um clima de compaixão e atenção que defenda a vida também nos momentos e nas circunstâncias pessoais mais difíceis", porque – como afirmara o então Arcebispo de Buenos Aires – "todos devem cuidar da vida com ternura e calor humano".

O Dia pela vida é celebrado na Escócia no último domingo de maio, na Inglaterra e Gales em 28 de julho próximo, e na Irlanda no primeiro domingo de outubro.

Em vista da celebração de 28 de julho, a Conferência episcopal inglesa e galesa já começou a colocar em seu site vários subsídios e material informativo. Além disso, mais de meio milhão de panfletos foi enviado a todas as paróquias do Reino Unido.

Também este ano os fundos resultantes da coleta feita por ocasião do Dia pela vida serão destinados, entre outros, ao "Centro de Bioética Anscombe". (RL)



* Nascituro de 5 meses sobreviveu mas os pais têm dificuldades para criar!

Bebê Bianca nasceu aos cinco meses e meio e hoje, três meses depois,pesa 2Kg
Um bebê que nasceu aos cinco meses e meio, pesando apenas 620g, conseguiu sobreviver, na maternidade do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba). Um caso raro na medicina, que a equipe da maternidade, que fica no bairro de Brotas, em Salvador, considerou um milagre. O período considerado normal para uma gestação é de 9 meses, sendo que os casos de nascimento prematuro com chances de sobrevivência normalmente ocorrem aos 8, 7 ou 6 meses.
A médica Ana Paes, que acompanhou o caso de Bianca desde o início, afirma que a história da criança é “literalmente um milagre”. “Bianca nasceu exatamente no limite de viabilidade. Então, ela era um prematuro extremo. A literatura [médica] chama essas crianças de micro-bebês. Ela já começou a mamar e o grande triunfo dessa história toda é que Bianca, durante muito tempo, na unidade de cuidados semi-intensivos ela usou leite humano do nosso banco de leite e Rosiléia [mãe] vai sair da maternidade amamentando ela exclusivamente no peito da mãe”, diz a médica.
Três meses depois do nascimento, pesando 2Kg, a menina aguarda alta médica para os próximos dias. Segundo a assessoria de comunicação da unidade de saúde, a equipe médica aguarda a realização de um exame no coração para liberar a ida do bebê para casa.
Parto prematuro
 A mãe da criança, Rosiléia Conceição conta que sentiu dores e foi internada na maternidade do Iperba. Após dois dias, ainda com dor, os médicos resolveram fazer o parto e informaram à paciente que a possibilidade do bebê sobreviver era muito pequena.
 “Eu tive a criança e a médica já tinha me deixado preparada e eu fiquei preparada. Seria um aborto… Quando ela [criança] saiu, a médica olhou pra mim e falou: ‘é Rosiléia, tá na mão de Deus. Você está forte?’. Eu disse: estou forte. Ela pegou e olhou [para o bebê] e disse: ‘parece que está mexendo’. Aí ela pegou Bianca assim e lascou o saquinho da bolsa, que só tava só a bolsa, sem água, sem nada. Quando ela lascou, Bianca pegou e respirou, deu aquele respiro fundo e começou a bater no rostinho, bem pequeno, bem magrinho mesmo, nem parecia uma criança”, relata a mãe.
 Uma foto de Bianca, tirada três semanas após o nascimento, mostra como a menina era magrinha. Segundo Rosiléia, depois do parto a criança ainda perdeu peso e chegou a ter 444g. “Ela ficou com menos de meio quilo. Os momentos que qualquer pessoa vinha falar comigo só era de choro mesmo, só podia chorar e mais nada”, lembra.
Doações
O pai do bebê, Dalton Conceição, está desempregado. Ele e Rosiléia têm outro filho, de 5 anos. Ele conta que está em busca de um trabalho para ajudar na renda da família. Dalton tem experiência em cozinha de restaurantes e também como auxiliar de serviços gerais. “O que vir [sic.] pra mim eu aceito”, disse.
A assessoria de imprensa do Iperba informou que quem tiver interesse em ajudar a família pode deixar doações na unidade de saúde. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (71) 3116-5188.

* Pernambucanos selecionados para o Festival de Cinema de Brasília!

Júlio Cavani, jornalista do Diário de Pernambuco é um dos selecionados para o 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontecerá de 17 a 24 de setembro. Ele concorre comDeixe Diana em Paz, um curta de 10 minutos gravado neste ano. Afora Júlio, outros dois pernambucanos estão entre os selecionados: o longa O mestre e o divino de Tiago Campos e o curta Au revoir de Milena Times.
Crédito: Studio vip/Reprodução
Crédito: Studio vip/Reprodução
Ao todo, são 30 filmes selecionados e divididos em cinco categorias: longa metragem ficção, longa documentário, curta metragem ficção, curta metragem documentário e curta metragem animação.
Clique no leia mais, ao final desta postagem, para conferir a relação completa:
Mostra competitiva de filmes de longa metragem ficção
1. A Estrada 47 (A Montanha), de Vicente Ferraz, 106min, RJ, 2013
2. Avanti Popolo, de Michael Wahrmann, 72min, SP, 2013
3. Depois da Chuva, de Cláudio Marques e Marília Hughes, 90min, BA, 2013
4. Exilados do Vulcão, de Paula Gaitán, 125min, RJ/MG, 2013
5. Os Pobres Diabos, de Rosemberg Cariry, 98min, CE, 2013
6. Riocorrente, de Paulo Sacramento, 79min, SP, 2013
Mostra competitiva de filmes de longa metragem documentário
1. A Arte do Renascimento – Uma Cinebiografia de Silvio Tendler, de Noilton Nunes, 72min, RJ, 2013
2. Hereros Angola, de Sergio Guerra, 99min, BA, 2013
3. Morro dos Prazeres, de Maria Augusta Ramos, 90min, RJ, 2013
4. O mestre e o Divino, de Tiago Campos, 83min, PE, 2013
5. Outro Sertão, de Adriana Jacobsen e Soraia Vilela, 73min, ES, 2013
6. Plano B, de Getsemane Silva, 84min, DF, 2013
Mostra competitiva de filmes de curta metragem ficção
1. Au Revoir, de Milena Times, 20min, PE, 2013
2. Fernando que Ganhou um Pássaro no Mar, de Felipe Bragança e Helvécio Marins Jr., 20min, RJ, 2013
3. Lição de Esqui, de Leonardo Mouramateus e Samuel Brasileiro, 23min, CE, 2013
4. Sylvia, de Artur Ianckievicz, 17min18, PR, 2013
5. Todos os dias em que sou estrangeiro, de Eduardo Morotó, 20min, RJ, 2013
6. Tremor, de Ricardo Alves Jr., 14min, MG, 2013
Mostra competitiva de filmes de curta metragem documentário
1. A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?, de Rafael Urban e Terence Keller, 25min, PR, 2013
2. Carga Viva, de Débora de Oliveira, 18min, MG, 2013
3. Contos da Maré, de Douglas Soares, 17min35, RJ, 2013
4. Luna e Cinara, de Clara Linhart, 14min, RJ, 2012
5. O canto da Lona, de Thiago Brandimarte Mendonça, 25min, SP, 2013
6. O gigante nunca dorme, de Dácia Ibiapina, 15min, DF, 2013
Mostra competitiva de filmes de curta metragem animação
1. Deixem Diana em Paz, de Julio Cavani, 10min, PE, 2013
2. Ed., de Gabriel Garcia, 13min56, RS, 2013
3. Engole ou Cospervilha?, de Marão, David Mussel, Pedro Eboli, Fernanda Valverde, Jonas Brandão, Giuliana Danza, Gabriel Bitar e Zé Alexandre, 8min, RJ, 2013
4. Faroeste – Um Autêntico Western, de Wesley Rodrigues, 18min25, GO, 2013
5. Quinto Andar, de Marco Nick, 7min40, MG, 2012
6. RYB, de Deco Filho, 4min, DF, 2013

* OAB denuncia tortura de jovem negro!

Policiais torturam jovem negro com choques nos genitais e na língua; OAB denuncia barbárie

Jovem de 19 anos foi submetido a choques no peito, nos genitais, na língua e teve um saco colocado na cabeça para não respirar. “Vamos levar ele para a desova”, teria dito um dos homens. Ismael começou a rezar. Comando admite culpa e afasta dois suspeitos
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Ismael da Conceição é servente de pedreiro
Desde que foi liberado da delegacia, na madrugada de domingo, o servente de pedreiro Ismael Ferreira da Conceição se limita a andar do quarto para a sala. O jovem de 19 anos, que tem um problema na perna esquerda, passou a caminhar com ainda mais dificuldade. Ele se queixa de dores causadas por uma sessão de agressões e choques que durou cerca de cinco horas.
Em um relato corroborado pela família, vizinhos e advogada, Ismael diz ter sido seguidamente torturado por policiais militares – após supostamente ser confundido com um assaltante – dois dias depois da ocupação de 12 comunidades do Uberaba (PR), ocorrida na última quinta-feira, na capital. O caso foi denunciado ontem pela Comissão de Direitos Hu­­manos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Paraná. O Comando da Polícia Militar reconheceu o fato e informou que dois PMs foram afastados preventivamente.
Ismael conta que às 17 horas do último sábado recebeu um telefonema de um amigo convidando-o para sair. Ele havia acabado de chegar em casa após o fim da jornada de trabalho. De banho tomado, montou na bicicleta e foi em direção ao ponto de encontro, na casa de um deles.

Após pedalar por algumas quadras, foi avistado por uma viatura da PM que participa da Unidade do Paraná Seguro (UPS). Segundo ele, o veículo fez a volta e bloqueou a passagem. “Passou por nós, azar o seu. Cadê a arma?”, perguntou um dos policiais saindo da viatura. Ismael disse que não tinha qualquer arma. Outro policial o derrubou da bicicleta e, com o servente no chão, apertou-lhe a garganta. Outro deu um chute nas costelas e perguntou mais uma vez sobre uma arma.
Ismael respondeu pedindo para que os policiais o acompanhassem até em casa, onde poderia apresentar documentos. Foi então colocado no camburão. Segundo ele, xingamentos racistas começaram a pipocar, e se tornaram a forma-padrão de tratamento até o fim do cativeiro. O rapaz demonstrou preocupação com a bicicleta, que permanecia tombada na rua. “Tua bike já era. Tu tá preso”, comunicou um policial.
Dez minutos depois, a viatura chegou à casa de Ismael. A família do jovem vive em Piraquara, no entanto ele mora com os patrões. Cinco anos atrás, Ismael conheceu Cristiano, o filho cadeirante de Lairi Inez Campiol, 52 anos, e Celso Luís Pereira, de 36 anos, proprietários de uma pequena empresa de acabamentos em construção civil. Cristiano convidou Ismael para participar do time de basquete em cadeira de rodas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Quando os pais se mudaram para a região metropolitana, o que impossibilitaria a rotina de treinamentos, os pais do amigo o acolheram. E lhe deram um emprego.
Segundo Lairi, os policiais entraram na casa e começaram a vasculhar os cômodos, abrindo armários e jogando objetos no chão. Disseram que estavam procurando armas. “Temos um flagrante. Ele confessou que fez um assalto e a vítima já o reconheceu”, disse um PM. Enquanto isso, Ismael permanecia trancado na viatura estacionada do outro lado da rua. Ninguém podia vê-lo. Celso perguntou pelo funcionário. Os policiais foram até o camburão e retiraram o rapaz. Levaram-no até o quintal, mas não deixaram ninguém tocá-lo ou conversar com ele.

“Fui espancado, sufocado e levei choques”, diz vítima

Após a busca no imóvel, que se revelou infrutífera, a patrulha foi embora levando Ismael. Os donos da casa perguntaram o que seria feito do garoto. Os policiais informaram que ele estava preso, mas não revelaram para qual delegacia seria levado.
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A dona de casa Lairi Inez Campiol, que dá abrigo a Ismael, mostra a casa no Uberaba revirada depois da passagem da polícia
No meio da confusão que se formou na rua, um vizinho passou para o casal o número de telefone de uma advogada. “Nunca precisamos de um profissional da área criminalística, então não sabíamos o que fazer”, lembra Lairi Inez Campiol.
A advogada Raquel Farah, 46 anos, atendeu à ligação de Lairi enquanto se preparava para atender a uma ocorrência no 8º Distrito Policial. Ao ouvir a história, se comprometeu a tentar descobrir o paradeiro de Ismael.
O jovem, entretanto, não foi levado a uma delegacia. A primeira parada foi em um descampado. O servente diz ter identificado cinco policiais, que se alternaram distribuindo chutes, socos e estrangulamento. “Se você contar onde é a boca, a gente te solta”, teria dito um deles.
Após um tempo que o agredido é incapaz de estimar, foi mais uma vez trancado no carro. Ele lembra que ficou um bom período na viatura parada, dentro do porta-malas, como se os policiais tivessem retornado ao posto.
A próxima parada foi em uma construção pequena, com duas camas, três armários e um computador. Ismael supõe que se trata de um posto policial. Ali, segundo ele, voltou a ser agredido. Alguns rostos eram novos. Também foi submetido a choques no peito, nos genitais e na língua. “Vamos levar ele para a desova”, teria dito um dos homens. Ismael começou a rezar.

Na delegacia: “Eles desistiram de você”

Eram 21 horas quando Ismael da Conceição foi levado algemado até o Hospital Cajuru para tratar dos ferimentos. “Não diga que você está sentindo dor”, ameaçou o homem que o escoltava. Às 22h30, foi finalmente entregue ao 8º DP. A advogada Raquel Farah havia sido informada da chegada apenas 15 minutos antes.
Na delegacia, os PMs apresentaram uma arma de brinquedo como pertencente a Ismael. O que se seguiu, segundo a advogada, foi uma discussão entre policiais civis e militares, ouvida ao longe também por Lairi Campiol e Celso, que haviam acabado de chegar. Os agentes da delegacia apontavam a inconsistência da prova.
A vítima do assalto chegou para fazer o reconhecimento. Ismael foi colocado ao lado de dois outros detidos. Apesar de a roupa ser semelhante à do autor do roubo (tênis branco, calça jeans e camisa xadrez), o biotipo não batia. O assaltante era alto e magro, Ismael é mediano e troncudo.
A delegada de plantão o liberou às 4 horas da madrugada de domingo. Ismael não conseguia andar sozinho e estava zonzo. Foi embora carregado. “Eles simplesmente desistiram de você”, justificou um policial civil.

OAB afirma que caso arranha credibilidade do programa UPS

Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a tortura sofrida por Ismael da Conceição tira a credibilidade da primeira Unidade do Paraná Seguro (UPS) instalada no estado. “Esse episódio coloca em dúvida se esse programa, que era necessário na cidade, terá condições de diminuir a violência nos bairros. Ainda mais quando os acusados são policiais militares”, afirma a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da seção Paraná da OAB, Isabel Mendes.
De acordo com ela, a denúncia partiu dos próprios moradores do bairro, que viram o jovem sendo levado pela polícia. “Acompa­­nhamos o exame de corpo delito no Instituto Médico Legal e foi confirmado que o rapaz foi torturado. Ele apanhou e levou choques elétricos. Os policiais ainda colocaram um saco plástico em sua cabeça para ele ficar sem respirar por algum tempo”, relata Isabel.
A Comissão de Direitos Hu­­ma­­­nos da OAB comunicou oficialmente o fato à Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) na manhã de ontem. A secretária Maria Tereza Uille Gomes determinou que uma equipe da Seju acompanhasse Isabel até o Uberaba. (DA)

Pânico e revolta

Ao longo das 36 horas seguintes, Ismael e Lairi não voltaram a sair para a rua. A dona da casa não acredita que eles possam ser ameaçados novamente, mas Ismael está em pânico. Sua conversa é calma, mas os olhos permanecem sempre arregalados. Lairi entoa indignação. “A gente não pode aceitar isso. Senão vai ter mais vítimas”, avalia.
Ela lembra que na quinta-feira, dia da ocupação, a família ficou feliz ao ver a polícia no bairro. Imaginava que aquele seria o começo de um prolongado período de tranquilidade. “Nos tornamos vítimas, quando deveríamos estar recebendo proteção.” Na manhã de domingo, dois policiais da Unidade do Paraná Seguro – que nada têm a ver com o ocorrido – visitaram cada uma das casas da rua para perguntar aos moradores como eles avaliavam a atuação do destacamento. Lairi discorreu longamente sobre o que se passou com seu protegido. “Isso nós não estamos sabendo”, ponderou o patrulheiro.

Porta-voz da PM reconhece que houve excesso

A Polícia Militar confirmou no fim da tarde de ontem que identificou dois policiais suspeitos de ser os responsáveis pela tortura do servente de pedreiro Ismael da Conceição no Uberaba. Se­­gundo o major Antônio Zanata Neto, porta-voz da PM, será instaurado um inquérito policial para apurar de fato o que aconteceu. Se confirmada a culpa, os PMs envolvidos podem até ser expulsos da corporação.
“Um oficial da Polícia Militar foi até o Instituo Médico Legal e acompanhou o exame de corpo delito. Foi confirmado que houve tortura por parte da Polícia Militar”, admitiu o major. Para acompanhar o inquérito será solicitado o acompanhamento de um promotor público.

Taxa de homicídios de negros cresce 9% em cinco anos

Homem, negro de 15 e 29 anos. Esta é a descrição da principal vítima de homicídios no País


* Biocombustíveis usados em aviões reduzem poluição atmosférica

Combustível feito à base de plantas movimenta aviões

Aeronaves sustentáveis usam extratos de vegetais na produção de biocombustíveis que ajudam a reduzir os índices de gases poluentes na atmosfera

CATEGORIA: SUSTENTABILIDADE

publicado por


Ingrid Araújo
Até pelos ares podemos ver atitudes sustentáveis de companhias aéreas e centros de estudos que buscam tecnologias para contribuir com a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. A produção de biocombustíveis baseados em elementos da natureza é uma delas. Eles são produzidos de maneiras diferentes se comparado com combustíveis tradicionais, como o óleo diesel, gasolina, querosene e carvão, os mais comuns usados na aviação.
Aqui no Brasil, por exemplo, as plantas que contém açúcares, amido e óleo são promissoras para a produção do biocombustível, aponta o relatório da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) elaborado na parceria entre a Embraer e a empresa Boeing, em junho de 2013, que identifica a matéria-prima dos biocombustíveis e prevê a logística do produto. O etanol, extraído da cana de açúcar, é um dos combustíveis que entram na lista deste segmento de combustíveis.
Nos Estados Unidos, cientistas do Centro de Pesquisa de Energia em Meio Ambiente da Universidade de Dakota converteram óleo de coco, soja e canola em biocombustíveis, exemplos que mostram a importância da sua produção, para ajudar a amenizar os impactos da poluição na natureza, já que substituem os combustíveis fósseis, propensos a poluir o espaço em maior escala.
A tecnologia dos aviões sustentáveis é um pouco diferente dos aviões convencionais que utilizam basicamente o querosene como combustível. No caso dos aviões sustentáveis, por exemplo, uma fabricante de aviões desenvolveu o sistema “drop-in” que adiciona certa dosagem de biocombustível de cana de açúcar ao querosene, o que leva os motores a emitirem menor quantidade de poluentes. Dessa forma não é preciso modificar a mecânica dos motores.
Além de usarem combustíveis naturais, o principal objetivo do avião sustentável é emitir menos poluentes na atmosfera. De acordo com o relatório da Fapesp, as empresas envolvidas no projeto de produção do biocombustível estarão comprometidas a trabalhar na redução de 50% das emissões de dióxido de carbono (CO2) até o ano de 2050. Para ter uma ideia, 2% da poluição concentrada no espaço vêm da emissão das aeronaves.

Exemplos de aviões movidos a biocombustível

Aviões sustentáveis
Foto: updateordie
Em 2009, a empresa de aviação holandesa KLM, realizou o primeiro voo transatlântico do Rio de Janeiro à Holanda no Boeing 747 usando 50% de bicombustível feito de óleo de cozinha. De lá para cá, o conceito de aviação sustentável tem ganhado força e conseguido investimentos financeiros para comercializar esses tipos de aviões.
A Virgin Atlantic foi a primeira linha aérea comercial a usar o óleo de palma na composição do biocombustível. O modelo Jumbo fez o trajeto de Londres à Amsterdã em 700 mil pés, usando quatro motores que queimavam 20% de óleos de coco e babosa misturados com combustível a base de petróleo. O biocombustível não ficou viscoso e não impediu o funcionamento das turbinas, o que é comum acontecer com o biodiesel.

Avião solar

Solar Impulse é o primeiro avião movido à luz solar que percorreu mais de 1.500 quilômetros e completou a segunda etapa da travessia nos Estados unidos, em maio deste ano. O projeto idealizado e comandado por dois pilotos suíços mostrou o que pode ser conquistado sem combustíveis fósseis.
Solar Impulse
Foto: solarimpulse
O avião sobe para nove mil metros ao meio dia por conta do sol que está em evidência. Para conservar a energia, ele desce lentamente para 1500 metros durante o curso da tarde, enquanto voa movido à bateria até a próxima alvorada, quando o ciclo se repete.
A aeronave de 1,6 toneladas de fibra de carbono teria condições para fazer o voo sem escalas, mas as autoridades proibiram porque ela só tem lugar para um piloto, que só pode voar por até 24 horas.
Para Bertrand Piccard um dos idealizadores, o processo de montagem do avião teve que ser criterioso, pois trata-se de uma estrutura mais leve do que os aviões comuns. “Calculamos as necessidades energéticas da aeronave, e isso nos deu a superfície e a carga das asas” explica Piccard. A meta é que a aeronave possa realizar um voo ao redor do mundo em 2015.
Acompanhe no vídeo abaixo o sobrevoo do Solar Impulse:

* REVELADOS CONVIDADOS DA GRAVAÇÃO DO DVD DE CLAUDIA LEITTE NA ARENA PERNAMBUCO




A produção da cantora Claudia Leitte revelou, na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, o nome dos convidados para a gravação do 3º DVD da cantora,marcada para a Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no próximo dia 3. Será o primeiro show realizado no estádio construído para a Copa do Mundo de 2014.

Subirão ao palco com a musa do axé o cantor Luiz Caldas, a cantora Wanessa, o forrozeiro Wesley Safadão e o pagodeiro Thiaguinho. 
Músicos participam do álbum ao vivo em homenagem ao axé. Crédito: montagem/DP
Músicos participam do álbum ao vivo em homenagem ao axé. Crédito: montagem/DP
 A produção da cantora Claudia Leitte revelou, na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, o nome dos convidados para a gravação do 3º DVD da cantora, marcada para a Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no próximo dia 3. Será o primeiro show realizado no estádio construído para a Copa do Mundo de 2014. 
Subirão ao palco com a musa do axé o cantor Luiz Caldas, a cantora Wanessa, o forrozeiro Wesley Safadão e o pagodeiro Thiaguinho. O chamado Maior show do mundo ainda terá apresentação do próprio Thiaguinho, da funkeira Anitta, de Saulo, ex-banda Eva, e de Garota Safada na lista das atrações.
Claudia Leitte vai cantar 28 músicas. Crédito: Robson Senne/AgFPontes/Divulgação
Claudia Leitte vai cantar 28 músicas. Crédito: Robson Senne/AgFPontes/Divulgação

O DVD na Arena será o terceiro da carreira de Claudia Leitte. O primeiro foi gravado em 2008 (Ao vivo em Copacabana), o segundo, no Castro Alves, em Salvador, berço do axé da cantora. O ritmo será o homenageado do novo álbum, que terá 28 músicas - onze delas serão inéditas. Estão previstas, ainda, apresentações de maracatu e zumba internacional. O formato, segundo a produção da cantora, será semelhante ao de um reality show.
*Com informações de Luiza MaiaConfira videoclipe Quer saber part Thiaguinho:

* Pesquisadora prevê boicote às eleições!

"Não descarto um boicote às eleições", afirma Marcília GamaPara a pesquisadora e coordenadora do projeto intitulado Preservando a Memória da Justiça do Trabalho 1964-1985, faz um balanço sobre a onda de protestos de rua no país

Sílvia Bessa - Diário de Pernambuco
Publicação: 17/07/2013 14:56 

 (Alcione Ferreira/DP/D.A Press)
Um mês após iniciados os protestos que varrem o Brasil, contado a partir do ato de 13 de junho em São Paulo, uma das mais experientes consultoras em acervos públicos e privados de Pernambuco, a pesquisadora Marcília Gama diz: “A onda de protestos já entrou para a história”. Isso porque causou “impacto e perplexidade aos que achavam que a população ficaria inerte, adormecida, alheia indefinidamente aos desmandos praticados contra a nação e seu povo”. Professora e doutora em História vinculada à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Marcília tem largo currículo na área de memória, patrimônio cultural, censura, repressão e Ditadura e coordena projeto intitulado Preservando a Memória da Justiça do Trabalho 1964-1985. Nesta entrevista, Marcília Gama faz um balanço dos recentes acontecimentos, afirma que as organizações sindicais e políticas vivenciam um momento novo que se traduz na não aceitação de “migalhas”, e é contundente quando cogita que o movimento visto nas ruas pode ser o início de algo maior que se anuncia. “Não descarto, inclusive, a possibilidade de uma mobilização no sentido de boicote em massa às eleições ou a constatação de um número assombroso de nulidade dos votos”.

Somamos um mês de protestos constantes e pulverizados em todo o Brasil. Que tradução se pode dar a essa manifestação popular?
Para responder essa pergunta, gostaria de citar trechos do trabalho sobre movimentos sociais, de Maria da Glória Gonh, em seu livro Teoria dos Movimentos Sociais, cuja análise acho pertinente. Ela aponta algumas análises desenvolvidas por correntes da teoria clássica americana Interacionista, que encara “os movimentos sociais como uma reação psicológica às estruturas de privações socioeconômicas.” Outra corrente, o Funcionalismo, desenvolvida a partir das ideias de Parsons (Parsons apud Gohn, 2004), possui algumas semelhanças com a teoria Interacionista, e acredita: “que é a inquietação social, assim como períodos de incerteza, de impulsos reprimidos e mal-estar que impulsionam os movimentos sociais. Sempre quando há uma inquietação social a mudança social se torna quase inevitável. Quando hábitos e costumes antes utilizados para resolverem os problemas do povo não funcionam mais, significa que o sistema de controle social está se desintegrando. E por fim, para os teóricos do Funcionalismo, as mudanças sociais ocorrem de maneira natural, levando em conta que aqueles indivíduos oprimidos se opõem à sociedade. Quando esta opressão atinge um ponto de insuportabilidade, estes procuram se unir com um objetivo comum e criam novas instituições”. Quando penso nas manifestações ocorridas nos últimos trinta dias, observo um misto de inquietação, insuportabilidade e, sobretudo um desencanto com a forma como a atual ordem instituída vem conduzindo, gerenciando a nação. E, ao perceber que o governo e seu projeto político não corresponde aos anseios e interesses, sobretudo da classe média, a que recebe com mais intensidade o impacto de uma política econômica e social mal conduzida, então ocorre um desencanto e a necessidade de mudança. Os movimentos sociais que ocorrem no país correspondem ao despertar de importantes segmentos sociais, cujo projeto de governo ainda não contemplou. Tivemos nitidamente programas sociais para reduzir o nível de miséria e pobreza, o que foi um feito louvável e necessário, mas para a classe média, para os profissionais liberais, intelectuais, classe trabalhadora do campo e da cidade, empresariado e segmentos mais esclarecidos da população, muito pouco foi feito de fato. Ainda se espera que o governo cumpra a pauta prevista no primeiro programa do Governo Lula, e isso está na matriz das insatisfações coletivas, permeadas pelo momento de incertezas e o receio de um possível retorno da inflação, e a ameaça do retrocesso de tudo o que se conquistou.

O que mudou na política para que se veja hoje no país tantos brasileiros nas ruas protestando com tantas bandeiras diferentes?
A questão é exatamente essa, não é o que mudou. É o que não mudou é a prática do mesmismo, da enrolação, do empurrar com a barriga, que o povo está dizendo um basta. Soluções que são esperadas desde o primeiro governo Lula e que não foram postas em prática, como a reforma tributária, política, e do uso da terra, a redução da alta carga de tributos, que oneram tremendamente a classe trabalhadora, que não consegue respirar... É a má administração do erário público, que advém também dos impostos recolhidos, o combate à corrupção, e sobretudo a necessidade de manutenção do que já se conquistou. Enfim, são inúmeros problemas que não são fáceis de resolver, mas que precisam de decisão política imediata e como essas decisões não são feitas, o resultado é a profunda insatisfação e descrença com qualquer tipo de representação política, que parece reafirmar a todo tempo para a população, o seu papel pouco compromissado em resolver, encarar os desafios e resolvê-los. O que não quer dizer que se busca colocar em risco a democracia. Pelo contrário, ela é soberana. Os políticos é que têm que entender que os tempos são outros, não podemos mais perder tempo, nem adiar decisões que se espera há décadas.

Semana passada, as centrais sindicais convocaram os trabalhadores e foram às ruas levando um número bem menor de manifestantes do que se viu nas manifestações sem lideranças. É o sinal de que as organizações classistas ganharam um novo papel dentro das lutas pelos direitos dos trabalhadores?
É o sinal de que o povo não quer mais “falsos profetas”, a população não quer tutela de organização e representação que não se coadune com seus ideais, que durante todo esse tempo se mostrou alheia, silenciada, conivente com a situação. As pessoas simplesmente estão saturadas pelo descaso, omissão e anseiam por respostas concretas, soluções imediatas. Não mais apenas propostas, elas desacreditam de intenções e expressam isso de forma espontânea, independente, livre de qualquer tipo de tutela (que veem com suspeita). As organizações sindicais e políticas estão vivenciando algo novo no país e o recado parece bem claro, se traduz num movimento que se diz independente reafirmado na não aceitação de “migalhas”, nem apoios ilegítimos, nem soluções fantasiosas. Esse comportamento parece ser o início de algo maior que se anuncia e o resultado pode ser visto de forma ainda mais perplexa, nas próximas eleições. Não descarto, inclusive, a possibilidade de uma mobilização no sentido de boicote em massa às eleições ou a constatação de um número assombroso de nulidade dos votos, como uma resposta explícita à forma que vem sendo feita a política nesse país.

Tem sido comum se comparar este momento com as campanhas das Diretas e Fora Collor. Há lógica em se estabelecer um paralelo entre esses três momentos e que semelhanças e diferenças deve-se observar no comparativo?
As manifestações nas duas situações anteriores pertencem ambas a um contexto histórico diferente. No entanto, destaco o caráter comum às manifestações que se traduz no desejo excepcionalmente forte, espontâneo, revolucionário e libertador das manifestações que expressam e escancaram nas ruas suas desilusões, anseios e necessidades. As ruas são como um canal, uma válvula de escape, daquilo que não quer calar e que se traduz na profunda insatisfação da forma como estão sendo conduzidos interesses da nação, da coletividade. E um deles, por exemplo, se coloca na constatação do desperdício destinado a projetos que pouco retorno terá para a sociedade, como os altos investimentos em tempo de crise nas arenas da copa no Brasil. E aí, a questão: De todos os projetos políticos prometidos em campanha desde o primeiro governo Lula, o que realmente foi realizado para o país a médio e longo prazo? Que reformas reais em áreas estratégicas foram postas em prática? Qual o planejamento estratégico para a nação, para os próximos 5/10 anos? Que medidas sustentáveis sérias foram e serão tomadas para impulsionar o desenvolvimento efetivo do Brasil? O que a atual classe política tem feito para manter o ritmo de desenvolvimento que foi iniciado? Quais as reais soluções pensadas a curto, médio e longo prazo, para a saúde, educação, habitação, trabalho, justiça e cidadania? Vivenciamos o desencanto das pessoas, a falta de perspectivas no amanhã, que se impõe por sabermos que quase nada foi até agora feito.

De que forma a onda de protestos de 2013 vai entrar para a história?
A impressão que tenho é que essa onda de protestos já entrou para a história, na medida em que causou o impacto e perplexidade aos que achavam que a população ficaria inerte, adormecida, alheia indefinidamente aos desmandos praticados contra a nação e seu povo. Ao adotar a expressão o “gigante acordou”, ressuscitou o imaginário popular calcado na mobilização coletiva e na força do povo que historicamente é revolucionária e que ao mesmo tempo é vista como algo absolutamente necessário para expressar um basta a tudo o que é contrário aos interesses legítimos da nação. Como a voz do Povo é a de Deus, então acreditamos que esse é apenas o início de uma longa e profunda transformação que se anuncia na sociedade ou não. Só faço uma ressalva, para que toda essa manifestação seja feita e percebida com responsabilidade por todos, uma vez que o bem maior e soberano que deve ser preservado é a soberania da democracia que conquistamos a duras penas e estarmos atentos, vigilantes, para que esse canal permitido, inclusive, pelo Estado de Direito Democrático não seja alvo de interesses escusos que atentem contra a estabilidade do regime democrático.

* Ministra negra incita ódios raciais!

Ministra negra força a Itália a encarar o próprio racismo

Por , 17/07/2013 10:23

Ministra da Integração Cécile Kyenge incita ódio da direita italiana por sua defesa dos imigrantes
Ministra da Integração Cécile Kyenge incita ódio da direita italiana por sua defesa dos imigrantes
Cécile Kyenge incita ódio da direita italiana por sua defesa dos imigrantes – e por sua cor de pele
por Megan Williams / Augusto Valente* - Deutsche Welle
Desde que foi nomeada como primeira chefe de ministério negra da Itália, em abril último, Cécile Kashetu Kyenge tem sido vítima de observações de cunho racista e sexista por parte de membros da Liga Norte (LN), partido populista de direita que, entre outras bandeiras, é contra a imigração. Seus insultos incluem “macaca congolesa” (a ministra da Integração nasceu e cresceu na República Democrática do Congo) e “membro do governo bonga-bonga”.
Uma semana atrás, após sugerir que os imigrantes seriam responsáveis pelos piores crimes na Itália, a conselheira municipal de Pádua, Dolores Valandro, não hesitou em postar no Twitter: “Não há ninguém que estupre a Kyenge para ela entender o que sentem as vítimas de um crime atroz assim?”.
“Piada infeliz”
No sábado 13, o jornal Corriere della Sera noticiou que o vice-presidente do Senado italiano, Roberto Calderoli, declarara durante um comício que Kyenge “estaria melhor trabalhando como ministra no próprio país dela”.
Em seguida, o político da Liga Norte comparou as feições da política de 49 anos às de um primata. “Eu adoro animais, ursos e lobos, como se sabe, mas quando vejo as fotos de Kyenge, não consigo deixar de pensar na cara de um orangotango – embora eu não esteja dizendo que ela seja um.”
Instado pela agência de notícias italiana Ansa a explicar as injúrias, Calderoli replicou que se tratara de “uma piada infeliz”, feita durante um comício, nada mais.
O peso das palavras
O primeiro-ministro Enrico Letta, de centro-esquerda, expressou solidariedade com a ministra, classificando o comportamento como inaceitável. Kyenge por sua vez, declarou ao Corriere que não exigia a renúncia de Calderoli, mas que todos os políticos devem “refletir sobre o seu uso da linguagem” e que “palavras têm peso”, pois, afinal, estão “falando em nome dos cidadãos e representando a Itália”. Enfim, chega um momento em que “é preciso dizer basta”, concluiu.
Cécile Kyenge, que vive desde 1983 na Itália, onde também se formou como oftalmologista, afirmara, em junho, que não tem medo. “Há insultos e ameaças contra mim porque agora estou numa posição visível, mas, na verdade, são ameaças contra qualquer um que resista ao racismo, que resista à violência.”
Na qualidade de ministra da Integração, ela pretende lançar uma lei facilitando, aos filhos de imigrantes ilegais, sua naturalização como italianos. Tal agenda política enfurece boa parte dos italianos e, segundo certas fontes, até transformou alguns em opositores radicais da imigração.
Tradição do politicamente incorreto
No entanto, comentários racistas e sexistas não são raridade na Itália, sendo tolerados em silêncio, fora da política. Nos estádios de futebol, por exemplo, praticamente “fazem parte do jogo”.
Dois meses atrás, o jogador Mario Balotelli também resolveu dizer “basta”: não mais suportando os cantos racistas entoados pelas torcidas, o atacante do Milan e craque da seleção nacional ameaçou deixar o campo, caso fosse insultado mais uma vez devido à cor de sua pele. Em ocasiões passadas, outros jogadores italianos e até mesmo times inteiros já protestaram dessa forma.
Um argumento para relativizar o problema é que, enquanto outros países já vêm enfrentando as questões de integração há décadas, o afluxo de imigrantes à Itália é relativamente recente – em 1990 a população só incluía 2% de estrangeiros, hoje essa taxa é de 7,5%.
A própria Kyenge permaneceu cautelosa, ao ser indagada, numa coletiva de imprensa, se a Itália é um país racista. “É uma questão complicada. Tenho sempre dito que a Itália [...] precisa saber mais sobre migração e o valor da diversidade, e talvez o que mais falte aqui seja uma cultura da imigração. Só depois de um país haver processado essas coisas é que se pode dizer se ele é racista ou não.”
Sinais de mudança?
James Walston, analista político especializado em sociedade italiana da America University, em Roma, vê uma luz no fim do túnel da intolerância nacional: “O aspecto positivo dessa linguagem extremamente desagradável é que outras pessoas, que estão tão ofendidas quanto [Kyenge], expressam isso e a apoiam.”
Referindo-se ao caso Valandro – que custou à conselheira não apenas duras críticas, como também sua exclusão do partido – Walston acrescentou: “Quando uma política da Liga Norte diz que Kyenge devia ser estuprada, não são apenas os liberais – simpáticos e bonzinhos – que ficam chocados, mas também os próprios líderes partidários [da LN] têm que dizer que isso é inaceitável e a expulsá-la do partido”.
Para o politólogo, a projeção crescente dos imigrantes vem forçando a sociedade italiana a encarar de frente seu racismo casual, longamente tolerado. Ele lembra que três outros membros do atual Parlamento também nasceram no exterior. E que o recém-eleito prefeito da cidade de Vicenza, no norte – um celeiro de adeptos da LN – é um imigrante, substituindo seu antecessor abertamente racista.
Walston aponta mais um indício de que as coisas estariam mudando: quando em junho, num surto psicótico, um refugiado africano assassinou vários italianos a machadadas, em Milão, a Liga Norte imediatamente foi recrutar adeptos na área. No entanto, os neofascistas foram expulsos pelos moradores, furiosos de que alguém se aproveitasse da tragédia para incitar o ódio contra os imigrantes.
*Edição: Alexandre Schossler
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

* Práticas adotadas por médicos brasileiros em partos são condenadas por órgãos internacionais de saúde!

Rotina desnecessária e perigosa

Várias práticas adotadas com frequência por médicos durante os partos normais no Brasil são condenadas por órgãos internacionais de saúde. Seu uso sem critério pode expor gestantes e bebês a maiores riscos.

Por: Thaís Fernandes
Publicado em 16/07/2013 | Atualizado em 16/07/2013
Rotina desnecessária e perigosa
A obrigatoriedade de a gestante permanecer deitada durante o trabalho de parto é uma prática frequentemente adotada pelos médicos e que não encontra respaldo em evidências científicas. (foto: Aeroporto de Cegonhas)
Nas últimas décadas, começou a ser construída no Brasil uma cultura em que o parto, antes visto como um acontecimento natural, passou a ser tratado como evento médico. Essa mudança levou não apenas ao aumento expressivo das taxas de cesarianas, mas também à adoção de diversos procedimentos médicos e tecnologias durante os partos normais. Atualmente, várias pesquisas têm mostrado que essas intervenções são muitas vezes desnecessárias – e podem inclusive ser prejudiciais –, mas várias delas continuam sendo usadas de forma rotineira nos hospitais.
Na tentativa de orientar o modelo de assistência ao parto com base em evidências científicas reunidas por diversos especialistas de todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém um guia com recomendações para os profissionais da área. Nesse documento, são identificadas quatro categorias de práticas: aquelas úteis e que devem ser estimuladas; as claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas; aquelas que devem ser utilizadas com cautela até que haja mais evidências para sustentar uma recomendação clara; e as frequentemente usadas de modo inadequado.
A médica epidemiologista Daphne Rattner, professora da Universidade de Brasília e presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (Rehuna), afirma que a atual cultura de ensino da obstetrícia se baseia em grande medida nas práticas prejudiciais ou ineficazes. Entre elas estão: a obrigatoriedade de a gestante permanecer deitada durante o trabalho de parto, a colocação preventiva de soro na veia da paciente, a raspagem dos pelos pubianos, a realização de pressão sobre a barriga da mulher para ‘auxiliar’ a expulsão do bebê (manobra de Kristeler), a lavagem intestinal antes do parto e o exame retal após.
Rattner: A atual cultura de ensino da obstetrícia se baseia em grande medida em práticas prejudiciais ou ineficazes
Há, no entanto, uma série de evidências científicas que mostram a impertinência dessas ações. Segundo trabalho publicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar(ANS), por exemplo, as posições verticalizadas trazem várias vantagens para a evolução do trabalho de parto, como menor compressão dos vasos sanguíneos – o que melhora a vascularização da placenta e a oxigenação do feto –, ampliação do diâmetro do canal de parto, maior eficácia das contrações uterinas e participação mais ativa da gestante. “Além disso, há evidências científicas de que se movimentar é melhor para encaixar o bebê”, acrescenta Rattner.
Em relação a outras práticas condenadas pela OMS, a epidemiologista explica, por exemplo, que a raspagem dos pelos faz aumentar o risco de infecção materna, pois o procedimento também retira a camada que protege a pele de bactérias. Já a lavagem intestinal gera risco de contaminação do bebê, devido aos resquícios de água e fezes que podem permanecer no intestino e ser mais facilmente liberados durante o parto por estarem no estado líquido. “Felizmente essas duas práticas já estão saindo da rotina”, comemora.

Sem pressa

Esse não é o caso, no entanto, do uso do hormônio sintético ocitocina para acelerar as contrações uterinas. O emprego da ocitocina para corrigir a evolução do trabalho de parto – o que pode ser necessário em algumas situações – está sendo frequentemente adotado de forma inadequada.
A epidemiologista Maria do Carmo Leal, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz e coordenadora do projeto Nascer no Brasil, explica que a ocitocina pode ser indicada em condições específicas, por exemplo, quando o trabalho de parto está muito prolongado. Essa avaliação, no entanto, pode variar: nos últimos anos, o tempo de trabalho de parto considerado normal caiu de 18 para 12 horas. “Além disso, a ocitocina é recomendada no pós-parto para ajudar na expulsão da placenta”, acrescenta.
O problema quanto à ocitocina sintética é que não há meios precisos para medir seus efeitos no útero e a ação de uma mesma dose da droga varia de uma mulher para outra, o que pode levar a aumento excessivo da frequência das contrações e prejuízos para o bebê. “A indução e o aceleramento artificial das contrações sem uma indicação precisa podem resultar em dificuldades na oxigenação do bebê e dano cerebral no recém-nascido”, diz a ginecologista e obstetra Maria Helena Bastos, consultora nacional em saúde da mulher da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). “Além disso, o uso de ocitocina causa dor e sofrimento desnecessários à mulher”, completa.
Administração de soro
A administração de soro com ocitocina sintética para acelerar as contrações sem que haja uma indicação clínica precisa pode prejudicar a oxigenação do feto. (foto: Sxc.hu)
Daphne Rattner explica que a mulher tem a sua ocitocina natural, que é secretada na medida exata e no momento em que ela precisa, junto com hormônios analgésicos e euforizantes (endorfina). “O organismo não está preparado para uma superdose de ocitocina e não dá conta de produzir endorfina suficiente para neutralizar as fortes dores das contrações.”
Segundo artigo publicado em 2009 no American Journal of Obstetrics & Gynecology, a ocitocina continua sendo a droga mais comumente associada a complicações perinatais preveníveis, embora o uso de dispositivos para controle das doses e de instrumentos de medição eletrônica dos batimentos cardíacos fetais e monitoramento das contrações uterinas tenha tornado a sua administração mais segura. A ocitocina – ao lado de apenas outras 11 drogas – integra uma lista de alerta máximo, elaborada pelo Instituto para Administração Medicamentosa Segura (ISMP, na sigla em inglês), que reúne medicamentos com alto risco de causar dano quando usados de forma inadequada.
Os autores do artigo dizem que o mau uso da ocitocina hoje está associado à aceleração do trabalho de parto por conveniência do médico ou da paciente, motivo que não leva em conta a segurança da gestante ou do bebê. Eles defendem que a droga deve ser administrada de acordo com orientações específicas baseadas em evidências e em doses iniciais baixas para reduzir a probabilidade de danos. Os pesquisadores ressaltam ainda a existência de meios alternativos para encurtar o trabalho de parto, como hidratação aumentadaadministração de glicose e suporte emocional contínuo.

Uso criterioso

Outra prática que tem sido frequentemente usada de forma inadequada durante os partos normais é o corte cirúrgico da região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto. Esse procedimento – chamado episiotomia – é aconselhado em até 30% dos casos, sendo que a taxa cai para 10% em gestantes de baixo risco. Seu uso é indicado para facilitar a saída do bebê e reduzir o trabalho de parto em situações de sofrimento materno ou fetal ou progressão inadequada do parto. “Mas, segundo dados do inquérito Nascer no Brasil, 58% das brasileiras que tiveram parto normal fizeram episiotomia”, conta Daphne Rattner, que também é coordenadora desse projeto na região Centro-Oeste.
A médica Lucila Nagata, membro do comitê de mortalidade materna da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e do setor de gestação de alto risco do Hospital Materno Infantil de Brasília, explica que a episiotomia é feita para proteger a mulher de uma laceração natural, que pode ser prejudicial. “É preciso ter bom senso e avaliar caso a caso essa necessidade”, diz.
Rattner argumenta que, quando o processo natural do parto é respeitado, o índice de laceração é baixo e, quando esta ocorre, raramente é tão profunda. “Não podemos dizer que a episiotomia seja uma prática danosa ou ineficaz, mas torna o pós-parto pior, porque o corte de várias camadas de tecido, inclusive o músculo, faz a cicatrização ser mais difícil. As evidências científicas mostram que ela não deve ser adotada como rotina.”
A peridural, embora seja um método de analgesia eficaz, interfere na evolução normal do trabalho de parto
Muito se discute ainda sobre o uso de anestesia peridural (injetada no espaço entre o canal ósseo da coluna vertebral e a medula) no parto normal, procedimento adotado corriqueiramente nos hospitais privados. Para a OMS, essa também é uma prática que vem sendo usada de forma inadequada. A peridural, embora seja um método de analgesia eficaz, interfere na evolução normal do trabalho de parto e está associada a um aumento das chances de uso de instrumentos especiais (fórceps ou ventosa) para ‘puxar’ o bebê e de febre e retenção urinária maternas. No entanto, ainda há divergências em relação à sua influência sobre as taxas de cesarianas e os riscos para os recém-nascidos.
A OMS estimula o emprego de métodos não invasivos e não farmacológicos para alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto. Umaanálise de oito ensaios clínicos evidenciou que a imersão em água reduziu o uso de analgesia e a percepção de dor pela gestante, sem resultar em efeitos adversos na duração do trabalho de parto, em cesarianas ou em complicações neonatais.

A mulher no comando

Diante desse cenário em que práticas não recomendadas têm sido usadas como procedimento de rotina nos serviços de saúde, a defesa do chamado parto natural – ou humanizado – ganha cada vez mais espaço. Nesse tipo de parto, a mulher está no controle da situação, é ela quem faz as escolhas relativas ao nascimento do filho, sem abdicar do uso de tecnologias e medicamentos para garantir a segurança do parto e a sua saúde e a do bebê. O médico só intervém quando é realmente necessário.
“O parto humanizado é aquele em que a protagonista é a mulher, o médico está ali para ajudar”, define Daphne Rattner. “O objetivo é que toda a prática de atenção ao parto leve em consideração as mais atualizadas evidências científicas, que atualmente não têm sido incorporadas ao cuidado individual. Para isso, é preciso que a mudança comece pela formação em obstetrícia, que ainda hoje no Brasil se baseia principalmente em concepções e práticas medicalizadas de parto.”
O obstetra Paulo Nowak, da Universidade Federal de São Paulo e membro da diretoria da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), concorda que as intervenções médicas só devem ocorrer quando necessário. Mas alerta: “O problema é o radicalismo de não fazer nunca.”
Em um parto natural, outras práticas de assistência ao nascimento recomendadas pela OMS são estimuladas, como o oferecimento de líquidos à gestante por via oral durante o trabalho de parto, a liberdade de movimento e o incentivo à adoção de posições verticalizadas, o uso de métodos não invasivos e não farmacológicos para alívio da dor, o contato direto precoce entre mãe e filho e o apoio ao início da amamentação na primeira hora após o parto. Além disso, a escolha da mãe sobre o local de parto e o acompanhante é respeitada. A presença de um acompanhante, aliás, é um direito da mulher, tanto no serviço de saúde público quanto no privado.
Gestante em movimento
Em um parto natural, a gestante é encorajada a se movimentar para facilitar a evolução do trabalho de parto. (foto: reprodução TheParentingChannel/ Youtube)
A ANS também recomenda que todas as mulheres recebam apoio durante todo o trabalho de parto. Essa recomendação inclui: suporte emocional (como presença contínua de acompanhante, encorajamento, elogios); medidas de conforto físico (como massagem, banho para analgesia, ingestão de líquidos etc.); fornecimento de informações sobre a progressão do trabalho de parto e sobre formas de facilitar a sua evolução; e interlocução com a equipe, de modo a permitir a comunicação da mulher e a manifestação de suas preferências.
A ANS recomenda que todas as mulheres recebam apoio durante todo o trabalho de parto, o que inclui suporte emocional e medidas de conforto físico
No entanto, segundo Daphne Rattner, não é isso exatamente o que acontece. “Há umacultura institucional de desrespeito e abusocontra as mulheres durante o parto. Além disso, os profissionais que adotam essa abordagem humanizada são marginalizados na classe médica.”
Muitas mulheres que optam por partos naturais já passaram por experiências desagradáveis em partos anteriores e querem fugir das intervenções desnecessárias. Foi o caso da jornalista Deborah Trevizan, mãe de três filhos, um nascido de cesárea, um de parto normal hospitalar (depois de uma transferência de um parto em casa) e um de parto domiciliar – que, para ela, foi o parto ideal. “Na minha primeira gestação, não tinha a menor ideia sobre partos humanizados, índices de cesáreas. Eu queria ter um parto normal, só isso. E achava que seria simples assim. Quando cheguei ao hospital e tive todos os meus direitos desrespeitados, percebi o quanto fui ingênua.”
Um estudo realizado no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro avalia que as gestantes parecem apenas aderir, muitas vezes contrariadas ou sem o menor entendimento das condutas, às prescrições técnicas dos profissionais de saúde. Mas a pesquisa também ressalta que, em um cenário de desinformação, mesmo as práticas humanizadas podem se tornar fonte de violência e desrespeito contra a mulher, se estiverem desconectadas de seu contexto socioeconômico.
Portanto, é fundamental garantir que a mulher tenha informações completas, seguras e corretas sobre a assistência ao nascimento de seu filho durante a gestação, o trabalho de parto e o parto, de forma a permitir que ela faça suas escolhas de modo consciente e compreenda as eventuais determinações médicas. Só assim será possível combater abusos e torná-la protagonista desse momento tão especial.

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line
Este é o terceiro texto da série especial 'Por um parto seguro', publicada esta semana na CH On-line. Confira!