sábado, 31 de agosto de 2013

* Feministas denunciam ofensiva do capitalismo sobre o trabalho, o território e os corpos das mulheres

Encontro Internacional da MMM: Feministas denunciam ofensiva do capitalismo sobre o trabalho, o território e os corpos das mulheres

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Ontem (26), durante o primeiro dia de atividades do 9º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, foi realizada a Conferência “Acumulação por despossessão: trabalho, natureza, corpos das mulheres e desmilitarização”. O debate foi marcado pela denúncia da violência e da opressão sofrida pelas mulheres em territórios militarizados, e da perda de autonomia das mulheres sobre seus corpos.
A mesa contou com a participação de Helena Hirata (França/Brasil), pesquisadora sobre trabalho e uso do tempo; Ariel Saleh (Austrália), autora de várias obras sobre feminismo e ecologia; Malalaia Joya (Afeganistão), da RAWA (Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão); Jean Enriquez (Filipinas), integrante do Comitê Internacional da MMM e da Coalizão Contra o Tráfico de Mulheres; e Yildiz Temurturkan (Turquia), integrante do Comitê Internacional da Marcha Mundial das Mulheres.
Malalai Joya relatou a presença ostensiva no Afeganistão do fundamentalismo, do governo estadunidense e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que está construindo diversas bases militares no país. “O fundamentalismo e o imperialismo se uniram para provocar a bárbarie em meu país”, afirmou. Para ela, a situação no Afeganistão só será revertida com o apoio da população por governos democráticos.
Jean Enriquez alertou que, dentro deste processo de violência, o corpo enquanto território não pertence mais à mulher: “Hoje o corpo está ocupado pelo homem, pela igreja e pelas corporações”. Com isso, segundo Jean, é o mundo corporativo e militarizado que lucram com o corpo das mulheres. “No mundo árabe, as mulheres são armas de guerra”, denunciou.
Já Helena Hirata afirmou que existe um contexto de crise na qual as mulheres são as mais atingidas pelo que ela considera como crise do sistema público. “A crise do cuidado deve ser uma preocupação de todos: homens, sindicatos, partidos”. Finalizando a conferência, a partir das contribuições do marxismo, Ariel Saleh apresentou um panorama da importância do feminismo ecológico para entender a ofensiva patriarcal contra o corpo e o trabalho nos territórios.
Esta é a primeira vez que o Encontro Internacional da MMM é realizado no Brasil, que já foi sediado na Índia, em Ruanda e nas Filipinas. A programação teve início ontem, no Memorial da América Latina, em São Paulo, e se estende até o dia 31, quando mulheres de 48 países realizam uma grande mobilização, na Avenida Paulista.

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