quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

* O poder da mulher é enorme

Em entrevista ao Fronteiras do Pensamento, a pós-feminista norte-americana Camille Paglia esclareceu uma de suas mais polêmicas ideias, de que o progresso social é resultado de um homem que compete com o poder de Deus. Paglia defende que o homem deve manter esta competição também com relação ao poder da mulher, algo que conclui de seus estudos antropológicos e dos rituais de separação entre filho e mãe, que introduziam o menino no mundo dos homens. Para Paglia, se o homem não lutar para se separar da mulher, ela pode tragá-lo, pois "o poder da mulher é enorme".
Paglia afirma que “muitas das grandes conquistas da civilização vêm da fuga dos homens em relação às mulheres, que os homens devem lutar para estabelecer uma identidade separada de suas mães. Isso é uma saga, uma guerra, com a qual muitas feministas não são simpáticas. Acho que, a não ser que os homens tentem escapar dos domínios da mulher, eles simplesmente caem de volta para ela. O poder da mulher é enorme.”
Também em entrevista ao Fronteiras, o psicanalista Jean-Pierre Lebrun, um dos fundadores da Associação Lacaniana Internacional, defende que uma das grandes questões contemporâneas é a mudança do papel do pai. Antes, um lugar de exceção, organizador da existência, o pai acabou sendo apontado por Freud como a figura responsável por separar o filho da mãe e introduzi-lo no mundo adulto. Lacan surgiria, diz Lebrun, para desafiar tal visão. A criança se torna adulta não por ter sido separada da mãe exclusivamente pelo pai, mas porque ela aprende a falar e se socializar.
De qualquer forma, é a difícil separação da mãe para se posicionar na sociedade que torna a criança um indivíduo. Este papel, antes do pai, teria se perdido na sociedade contemporânea. “É verdade que é uma dificuldade, e nessa dificuldade, é o sujeito que finalmente age, a criança, o futuro sujeito, já que ele não é mais ajudado no seu trabalho de, de novo, separar-se da mãe por alguém que diz ‘vamos lá, é preciso deixar isso, você vai ter seu lugar no social’, e ele não é mais ajudado porque seu pai está, ele mesmo, perguntando-se de onde é que ele virá a dizer isso. E essa é a dificuldade na qual encontramo-nos frequentemente hoje, quer dizer, com um exercício da função paterna tornada mais difícil porque a legitimidade da intervenção paterna encontra-se seriamente questionada”, argumenta o psicanalista. Assista a ambas entrevistas abaixo:

Camille Paglia - A ansiedade masculina e a civilização
Jean-Pierre Lebrun - O papel do pai não é mais o mesmo 

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