terça-feira, 27 de janeiro de 2009

* Mengele deixou herança de experiências genéticas em cidade gaúcha!


A alta incidência de gêmeos em uma cidadezinha do Rio Grande do Sul poderia ser resultado de experiências genéticas realizadas pelo médico nazista Josef Mengele, segundo afirma uma biografia recém-publicada do chamado “Anjo da Morte”.

Prefeitura realiza encontro anual de gêmeos em Cândido Godói


A tese, rebatida por um geneticista ouvido pela BBC Brasil, está no livro “Mengele: El Ángel de la Muerte en Sudamérica” (Mengele: o Anjo da Morte na América do Sul) de autoria do jornalista argentino Jorge Camarasa e que virou tema de reportagens reproduzidas nesta semana por veículos em diferentes países.
Segundo ele, a incidência de gêmeos na população de Cândido Godói, cidade próxima à fronteira com a Argentina, começou a crescer após 1963, época da suposta passagem de Mengele pela região.
Com uma população de pouco menos de 7 mil habitantes, Cândido Godói tem mais de cem pares de gêmeos idênticos. A taxa de nascimentos de gêmeos univitelinos na cidade seria de um em cada cinco partos, muito acima da média mundial de um a cada 85 partos.
O fenômeno já é estudado há vários anos pelos cientistas, mas até hoje não surgiu uma tese definitiva para explicar a alta proporção de gêmeos na cidade gaúcha de colonização alemã.

Experimentos genéticos

Mengele, que durante a Segunda Guerra Mundial ficou conhecido por realizar experimentos genéticos, muitos deles com gêmeos, entre os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, viveu escondido na América do Sul após o fim da guerra e morreu afogado em uma praia no litoral de São Paulo em 1979.
Para Camarasa, a coincidência entre a passagem de Mengele por Cândido Godói em 1963 e o início de um “boom” de gêmeos na cidade poderia indicar que o médico nazista teria continuado suas experiências muito após o fim da Segunda Guerra.
Segundo o geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de Bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a tese levantada pelo livro é "patética".
"Essa tese é patética. As experiências nazistas, além do enorme custo humano, nunca produziram resultado com veracidade científica. (...) Em Minas Gerais, também há uma cidade com alta incidência de gêmeos e Mengele nunca passou por lá", disse Pena, que também diretor científico do Laboratório Gene.
Para ele, a alta proporção de gêmeos na cidade deve ser resultado de uma simples flutuação estatística.

"Poção"

Muitos moradores mais velhos de Cândido Godói recordam a passagem do médico, sob a identidade falsa de Rudolph Weiss, pela cidade.
Segundo o relato dos moradores a Camarasa, Mengele ganhou a confiança dos moradores ao se apresentar como veterinário e cuidar dos animais da cooperativa de agricultores da cidade, antes de começar a tratar também dos próprios moradores como médico.
O livro do jornalista argentino relata ainda que um ex-prefeito e médico da cidade, Anencir Flores da Silva, realizou pesquisas e entrevistou centenas de moradores para tentar descobrir a razão da alta taxa de nascimentos de gêmeos.
Segundo Flores da Silva, pessoas tratadas por Mengele contaram que ele “tratava de mulheres com varizes e dava a elas uma poção que ele levava em uma garrafa, ou pílulas que ele trazia com ele”.
O livro de Camarasa conta a fuga de Mengele para uma colônia nazista na Argentina nos anos 1950, suas ligações com o então presidente Juan Perón, sua posterior fuga ao Paraguai nos anos 1960, após a prisão em Buenos Aires de outro criminoso nazista, Adolf Eichman, e sua passagem pelo Brasil, onde viveu em diversas cidades, com a ajuda de um casal alemão, até sua morte em Bertioga.
Fonte: BBC

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