quarta-feira, 12 de março de 2014

* Não se esqueçam de Fukushima

Três anos após o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, milhares de pessoas ainda sofrem as consequências da radiação e se sentem ignoradas pelo governo.
No terceiro aniversário da catástrofe nuclear de Fukushima que destruiu vidas e meios de subsistência de milhares de pessoas que viviam aos redores dos reatores, Junich Sato, diretor executivo do Greenpeace Japão, afirmou que “a primeira ministra Abe e as indústrias nucleares esperam que os japoneses e o resto do mundo esqueçam as vítimas e os vestígios causados pelo desastre de Fukushima.”
“Dessa forma, eles poderão voltar a usar os velhos e arriscados reatores e também vender tecnologia nuclear japonesa para outros países. O que nós não devemos esquecer é que esse é um sistema de energia antigo e que depende de perigosas tecnologias, como a nuclear”, continuou Sato.
A TEPCO, operadora da usina, e o governo de Abe não apenas falharam com a falta de controle do desastre nuclear, mas também com a quase ausência de atendimento oferecido às vítimas que continuam sofrendo e lutando para recuperar o que lhes foi tirado com o desastre.
“No mundo inteiro as energias renováveis estão crescendo cada vez mais, mas o governo japonês está focado em voltar a explorar energia nuclear. Trata-se de uma política que está fora de moda diante dos mercados de energia e de tecnologia. A administração do governo de Abe está parada no século passado, enquanto o resto do mundo anda para frente” disse Sato.
Recentemente, o Greenpeace enviou uma delegação internacional com representantes da Coreia, Índia, Polônia, França e Alemanha para Fukushima para conhecer algumas das vítimas e analisar a situação três anos após a catástrofe. 
Kenichi Hasegawa, antigo agricultor e vítima do desastre, foi uma das testemunhas que com quem a delegação pode conversar. Ele disse que “o país está destruído. Eu sou um  agricultor que não pode cultivar e não consigo descrever o tamanho da perda que tivemos. É preciso lembrar que a energia nuclear é terrível. A gente não pode manter essa “sujeira” para as próximas gerações.”
No Japão e ao redor do mundo, ativistas do Greenpeace estão promovendo ações contra energia nuclear e dando suporte as vítimas de Fukushima, mostrando para Abe e toda a indústria nuclear que os cidadãos espalhados pelo mundo não vão se esquecer do que aconteceu no Japão.
"Infelizmente, a realidade vivida pelo Japão com os impactos da radiação não foi suficiente para alertar o governo brasileiro sobre as consequências da energia nuclear. Mesmo assim, ainda há rumores de que uma quarta usina será construída no Nordeste no Brasil. Temos um potencial inesgotável de energias renováveis e não precisamos de mais usinas nucleares em nossa matriz", disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
A radiação de Fukushima se alastra pelo Oceano Pacífico

As crianças enclausuradas de Fukushima

Por conta dos acidentes nucleares oriundos de terremotos e tsunami em 2011, as crianças de Fukushima, no Japão, sofrem com sérias restrições e, em sua maior parte, não sabem o que significa brincar fora de casa. Por conta da radiação nuclear e os perigos dela à vida e ao desenvolvimento dessas crianças, existem regras que limitam muito a presença delas nas ruas.

Um raio de 30 quilômetros do local do acidente foi considerado totalmente sem acesso e, por isso, 160 mil pessoas tiveram que deixar suas casas para trás. Pelas regras estabelecidas, crianças de até dois anos não podem ficar mais do que 15 minutos por dia em ambiente aberto. As que têm entre 3 e 5 anos devem ficar em contato com o exterior por no máximo meia hora.

Especialistas da região afirmam que as restrições por conta do acidente nuclear já têm afetado fisica e mentalmente as crianças de Fukushima. "Se compararmos com antes do acidente, os testes físicos e mentais tiveram resultado pior, mostra uma queda na capacidade das crianças", afirma Toshiaki Yabe, funcionário do governo.

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