
Terminou dia 01 de fevereiro mais um Fórum Social Mundial sediado esse ano em Belém, no Pará. Com um número aproximado em torno de 150 mil pessoas, a cidade registrou problemas desde o primeiro dia. Com a escassez de transporte gratuito entre os locais onde aconteceram os eventos, a inviabilidade dos horários dos barcos que deveriam trazer os/as moradores/as das ilhas para participarem das atividades, confusão durante o credenciamento dos/as participantes, cancelamento de palestras e conferências indicadas na programação, impedimento de acesso de não pagantes às atividades culturais, violência por parte da polícia militar e da Força Nacional contra a população local.

Todos esses problemas não podem ser justificados por falta de verbas. Além dos 400 milhões de reais anunciados como investimento pelo governo federal, o orçamento do Fórum foi engrossado com o aluguel de espaços para comércio na área interna, com valores que variaram de R$100,00 a R$1.500,00 e o pagamento de taxas de inscrição nos valores de R$15,00 a R$30,00. Por serem obrigatórias para a participação em uma grande parte das atividades, acabaram inviabilizando a participação de grande parte da população local.

A violência praticada contra os/as moradores/as da região periférica foi outro agravante deste Fórum. Um morador da Ilha de Caratateua relatou que sofreu humilhação ao ser revistado em diversas barreiras policiais localizadas entre a periferia e os locais onde aconteciam as atividades do Fórum: "Fomos parados em quatro barreiras policiais no mesmo dia, sendo que com a Força Nacional fomos obrigados a descer da moto, eu e minha esposa, e a deitar no chão, no asfalto. Ao questionar que aquilo era inconstitucional, os militares responderam - Não importa irmão, deita no chão". (Sr. J. - morador).
Os estabelecimentos comerciais situados próximos da UFPA, (Universidade Federal do Pará) e UFRA, (Universidade Federal Rural da Amazônia), no bairro Terra Firme, também serviram de cenário para o abuso policial. Casas noturnas e bares foram obrigados a fechar as portas às 22 horas e a ação de vigilância sobre os moradores da região por parte do exército e da polícia deverá continuar ainda por mais dois meses.
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