sábado, 8 de agosto de 2009

* A volta dos que não foram! (impunidades na política brasileira)



A política brasileira é abarrotada de figuras lendárias. Temos aqueles políticos conhecidos pela sua idoneidade, como Eduardo Suplicy ou a novata Heloísa Helena. São aquelas pessoas que provocam frases como “se um dia ele for acusado de algo e virar alvo de uma CPI, podemos fechar Brasília para balanço”. Temos também aqueles outros elementos que, se Brasília fosse o mundo de Star Wars, não seriam conhecidos por estarem ao lado de Luke Skywalker. De fato, alguns dos nossos políticos fariam Darth Vader corar de vergonha.

Por exemplo, nesta segunda-feira, o programa humorístico/jornalístico da Band, o CQC, levou Paulo Maluf (ex-prefeito e ex-governador biônico de São Paulo) às ruas. Maluf, que é conhecido pelo bordão “rouba mas faz”, enfrentou uma situação diferente. Oculto dentro de uma van, foi levado até uma avenida construída por ele, a Faria Lima. O veículo foi estacionado perto de uma pessoa, que era perguntada se conhecia algum político corrupto. Invariavelmente, citavam Maluf como um dos mais desonestos homens já votados pelo povo. O ex-prefeito então desceu da van para conversar pessoalmente com a pessoa que o acusou. O resultado mostra a perícia no trato com o povo que Maluf tem. Aliás, pode-se dizer que sua oratória e retórica são grande parte do seu arsenal político. Graças à elas, ainda sobrevive.


Paulo Maluf não ganha uma eleição desde que foi eleito prefeito em 1992. Desde então, tentou a prefeitura, o governo do estado e até mesmo a presidência. Não ganhou nenhum. Parecia que o povo tinha resolvido aposentá-lo à revelia. Até que em 2006, num golpe inusitado, Maluf lançou-se candidato pelo PP como deputado federal. Ganhou, com recorde de votos. Ele tem um reduto de votos extremamente forte em São Paulo. Não importa a eleição, seu percentual nunca fica abaixo dos 7%. Radicado em Brasília, tentou novamente a eleição em São Paulo ano passado. O ex-prefeito não foi eleito, ficou em quarto lugar na corrida, mas renovou sua imagem nos debates acalourados travados com Marta Suplicy. Ele deve ser reeleito em 2010 como deputado, ou talvez tentar uma vaga no senado.

Outro político famoso no Brasil é o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. Originário de João Alfredo, cidadezinha do interior de Pernambuco, Severino elegeu-se presidente da Câmara auxiliado por uma das diversas bobagens que a liderança do governo fez. Lançaram dois candidatos e Severino acabou ganhando, auxiliado pelos votos do chamado Baixo Clero, que são os deputados sem expressão nacional, sabe aquele que ninguém lembra que votou e que ninguém sabe que está lá? Então.
Já no controle da casa, Severino defendeu arduamente os direitos do trabalhador. Começando por eles, é claro. Foi ferrenho acolhedor das propostas de aumentos de salário e benefícios dos deputados federais. Não demorou muito e Severino acabou apanhado em uma denúncia de corrupção. Em plena época do Mensalão, o deputado foi acusado de comandar o Mensalinho, ou seja, a cobrança de propina para o funcionamento de estabelecimentos comerciais dentro da Câmara. Para evitar a cassação do seu mandato, Severino renunciou e voltou a Pernambuco.


Dois anos depois, em 2008, o ex-deputado voltou ao poder. Desta vez, não foi em Brasília. Ele agora é novamente prefeito em sua cidade natal, João Alfredo. Um constrangimento para a Câmara em 2005, Severino (conhecido na internet como Mestre dos Magos) tornou-se a mão direita de Lula na casa durante o período em que foi chefe da casa. Lula e o prefeito ainda nutrem um sentimento de amizade, como comprova a foto abaixo. É extremamente improvável que o Mestre dos Magos volte para o centro-oeste. Se não for reeleito prefeito, deve tentar o cargo de deputado estadual em 2014.

Para encerrar, vamos falar do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello. Eleito presidente em 1989, com apoio dos grandes meios de comunicação e da elite do país, Collor representava a mudança e a renovação política. Novo, bonito e com a pecha de “caçador de marajás”, Collor não durou dois anos incólume.
Em um escândalo envolvendo seu irmão, Pedro Collor, e o empresário Paulo César Farias (aquele PC Farias encontrado morto junto da namorada em 1996), Collor foi jogado nos holofotes. Seu azar foi ser eleito logo depois da Ditadura e da comoção nacional que foi o processo das Diretas Já, quando o povo foi às ruas. Ainda com o sentimento cívico pulsante, os universitários e a classe média saíram a campo novamente, desta vez para protestar contra a corrupção. Somado a outros pequenos escândalos e ao desgaste que foi o confisco das poupanças, Collor acabou renunciando ao mandato pouco antes do seu pedido de Impeachment ser julgado no senado. Não adiantou, foi cassado assim mesmo.
Nos anos seguintes ensaiou um retorno à política. Em 2000, tentou concorrer à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, mas não conseguiu, pois sua ilegibilidade de 8 anos pelo impeachment acabaria só depois das eleições. Em 2002 concorreu ao governo de Alagoas e acabou perdendo, mas em 2006, elegeu-se senador e voltou a Brasília. Desde então, é um dos mais ferrenhos defensor do presidente Lula, do qual era inimigo confesso no passado. Posto abaixo o vídeo produzido pela campanha do Collor à presidência contra o então candidato barbudo e bronco Luis Inácio Lula da Silva.


Como podemos ver, nossos políticos são como o Jason, da série Sexta-feira 13. Os mocinhos sempre acham que finalmente se livraram deles, mas no final, quando as letrinhas sobem no fim do filme, eles voltam a vida.

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