Estarrecido e vislumbrado!
Estas as palavras para descrever como fiquei após assistir à entrevista do Papa
Francisco I ao Programa Fantástico.
Durante a entrevista eu não me movi, a respiração quase
parou. As palavras fluindo daquele ser calmo, tranquilamente expondo frases de
homem humilde e de coragem pelo aprofundamento e crítica social e reconhecimento dos erros da própria
Igreja Católica.
Sobre a juventude, ele disse não se agradar de jovens que
não não protestam. Mas pediu para as autoridades ouvir os
jovens e para as facções políticas manipular os jovens. Os jovens devem ser revolucionários: “Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados.”
Defendeu que a Igreja deve se aproximar mais do povo,
principalmente dos pobres,mas sem defender ideologias político-partidárias.
Isso ficou bem claro.
Sabemos como há quem confunda amparar ao povo oprimido com
levar discursos de ideologias que nunca serão cumpridas. Sabemos como há
distorções sobre ações clericais e questões politiqueiras. E como há muita
gente usando a posição religiosa para se locupletar politicamente e
economicamente.
O Papa condenou tudo isso e aconselhou. Disse que é contra
tudo isso.
Papa Francisco condenou o Sistema Capitalista. Condenou “a
idolatria ao dinheiro” que leva às injustiças sociais. Condenou um sistema
econômico controlador do mundo que leva ao desequilíbrio social e descarta os
extremos: crianças e jovens e idosos. Enfatizou sobre como o sistema econômico
mundial claramente descarta as crianças, jovens e idosos. Isso até na Europa. E
pediu para a luta em prol do aproveitamento da sabedoria dos idosos e da
vitalidade dos jovens, educação e nutrição das crianças.
Na realidade, ele expôs como o capitalismo é degradante,
desrespeitador dos direitos humanos, do meio ambiente, provoca exclusão, fome,
analfabetismo. E explora essas fragilidades.
Vemos assim como a Igreja Católica, tida como bases de uma
sociedade injusta, está atualmente, através do seu líder, lutando por
desenvolvimento sustentável e solidário: “Penso que temos que dar testemunho de uma certa simplicidade - eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração magoado quando nós, as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro.”
Questionado sobre como a Igreja Católica vem perdendo fiéis
para evangélicos e outras religiões, ele reconheceu sobre como o clero católico
deve se aproximar mais do povo. Disse que os sacerdotes ficaram afastados das
comunidades e precisa mudar isso. A Igreja precisa ir às ruas e às comunidades
mais carentes e sair dos palácios clericais:
"Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe... dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta." Assim expressou
o Pontífice. Ouvindo isto lembro de outro Papa:
João XXIII e sua Encíclica “Mater ET Magistra” (Mãe e Mestra). Mas após João XXIII,
este já é o quinto Papa e a luta continua!
Francisco também explicou a atitude que toma em relação a sua segurança: “Eu não sinto medo. Sei que ninguém morre de véspera. Quando acontecer, o que Deus permitir, será. Eu não poderia vir ver este povo, que tem um coração tão grande, detrás de uma caixa de vidro. As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito bem. Mas ambas sabem que sou um indisciplinado nesse aspecto.”
Diante da coragem do Papa até de ser transparente sobre os
escândalos econômicos e morais do Vaticano, compreendemos o motivo porque ele
em vários momentos dessa visita ao Brasil disse que precisa de orações. Muito
corajoso seguir a luta contra a corrupção e conservadorismos sociais e
clericais. Com certeza, ao observar essa luta do Papa, compreendemos como há vilões
desejando a queda de sua liderança: "Agora mesmo, temos um escândalo de transferência de 10 ou 20 milhões de dólares de monsenhor. Belo favor faz esse senhor à Igreja, não é? Mas é preciso reconhecer que ele agiu mal, e a Igreja tem que dar a ele a punição que merece, pois agiu mal. No momento do conclave, antes temos o que chamamos congregações gerais - uma semana de reuniões dos cardeais. Naquela ocasião, falamos claramente dos problemas. Falamos de tudo. Porque estávamos sozinhos, e para saber qual era a realidade e traçar o perfil do novo Papa. E dali saíram problemas sérios, derivados em parte de tudo o que vocês conhecem: do Vatileaks e assim por diante. Havia problemas de escândalos. Mas também havia os santos. Esses homens que deram sua vida para trabalhar pela Igreja de maneira silenciosa no Conselho Apostólico.”
Bonita mensagem que ele deixou no final: "não importa se católicos, evangélicos, judeus, ortodoxos ou seja qual religião, mas que dêem educação e comida às crianças e jovens famintos e sem educação"..."Questões religiosas se resolvem com diálogo, mas antes de tudo é necessário amparar aos necessitados!...."
Veja o vídeo da entrevista completa:
O Fantástico deste domingo (28) exibiu entrevista exclusiva com o Papa Francisco, a primeira a um jornalista desde sua eleição. Na sua visita ao Brasil, o sumo pontífice encontrou tempo na agenda para receber o repórter Gerson Camarotti, da GloboNews, para uma conversa franca.
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