Fotos: Reuters e Daniel Maurer/
APFIM DA LINHA - Merckle e o trem em Ulm, no sul da Alemanha: dívidas de 20 bilhões de dólares
Na terça-feira passada, o empresário alemão Adolf Merckle, de 74 anos, dono de um conglomerado com faturamento anual de 40 bilhões de dólares, foi encontrado morto ao lado de uma linha de trem na cidade de Ulm, no sul da Alemanha.
Ele era o 94º homem mais rico do mundo, segundo o ranking da revista Forbes. Em um breve comunicado divulgado à imprensa, a família informou tratar-se de um suicídio motivado por dificuldades financeiras. Merckle teria se jogado na frente do trem.
Nos últimos meses de 2008, o alemão tentou obter um empréstimo emergencial de 540 milhões de dólares para cobrir as perdas milionárias causadas por operações malfeitas no mercado de capitais.O grupo que ele presidia, que reúne fábricas de cimento e remédios, apostara na queda das ações da Volkswagen.
Mas os papéis da montadora alemã dispararam mais de 200% no fim de outubro. Ironicamente, dois dias após o falecimento de Merckle, a transação com os bancos foi aprovada, pavimentando a re-estruturação de suas empresas.
O suicídio de Merckle foi o segundo a ser diretamente relacionado à crise econômica desde a quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, em setembro.
No dia 23 de dezembro, o investidor francês Thierry Magon de la Villehuchet, de 65 anos, (foto abaixo) foi encontrado morto em Nova York, com os pulsos cortados e comprimidos a seu lado. La Villehuchet administrava o fundo Access International Advisors, que havia perdido 1,5 bilhão de dólares na pirâmide financeira construída pelo financista Bernard L. Madoff. Diante do agravamento da crise, a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, alertou para o impacto psicológico do problema. "Existem evidências claras de que o suicídio está relacionado a desastres financeiros", afirmou. O professor da Faculdade de Psicologia da PUC-SP Ari Rehfeld explica que o tipo de transtorno sentido por quem já tem muito dinheiro e influência possui um diferencial. Segundo ele, os prejuízos financeiros em si não são a causa preponderante dos suicídios nesse caso. O problema maior seriam a perda de status e a rejeição dos pares. "Os investidores ficam presos no passado, e, se não elaboram a perda, torna-se difícil encarar os desafios que vêm pela frente."
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