sábado, 17 de janeiro de 2009

* MST aproveitará crise mundial para promover mais invasões!

O Movimento dos Sem Terra promete nas comemorações dos 25 anos de fundação, no fim desse mês, um mutirão de invasões de propriedades


Foto: Roberto Jayme/Reuters


Fonte: Reuters


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra comemora 25 anos este mês com uma aposta de que a crise financeira internacional deve funcionar como incentivo para impulsionar as ocupações de terra, diz a agência de notícia Reuters. Com as dificuldades que atingem os grandes proprietários, como a queda do preço das commodities, o movimento acredita que as áreas improdutivas vão se proliferar tornando-se presa dos acampados que aguardam pela reforma agrária. "Em 2009 vamos potencializar a luta. Com a crise, o modelo do campo vai parar de crescer, gerando grandes terras improdutivas. E latifúndio improdutivo é terra ocupada", disse Messilene da Silva, da coordenação nacional do MST.


O raciocínio faz parte da lógica dos sem-terra de que o maior inimigo ao avanço da reforma agrária no país é o agronegócio e qualquer organização produtiva. A política de assentamento de famílias praticada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também é fonte de decepção para o MST, que vê na administração petista uma aliança com o modelo agrícola vigente, diz a Reuters. São mal agradecidos, pois tiveram todo o apoio do governo Lula, recebem verbas e cestas básicas, sem fiscalização, ou qualquer incomôdo, não são molestados pelas polícias dos estados, com raras excessões, mesmo quando depredam, causam prejuízos e cometem crimes.

O MST, filiado à organização internacional Via Campesina, apoiou a eleição do presidente Lula em 2002, mas na reeleição, em 2006, aderiu apenas no segundo turno. Segundo seus dirigentes, a organização procura manter independência em relação ao governo e ao mesmo tempo manter aberto um canal de diálogo. Na verdade vivem dependurados nas tetas do governo.

Como resume João Pedro Stédile, um dos chefes dos guerrilheiros do MST, em um artigo desta semana, "não houve reforma agrária durante o governo Lula. Ao contrário, as forças do capital internacional e financeiro, através de suas empresas transnacionais, ampliaram seu controle sobre a agricultura." De 2003, primeiro ano do presidente Lula, a 2007, foram assentadas 449 mil famílias, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Houve um pico de 136,3 mil famílias em 2006 e apenas 67,5 mil em 2007. Os números do ano passado serão divulgados este mês, mas, segundo o MST, 2008 terá o pior desempenho dos últimos anos, com estimativa de 20 mil famílias assentadas. Ressalte-se que os assentamentos dos “Sem Terras”, são poucos produtivos, muitas vezes abandonados, investigados por irregularidades diversas: posses vendidas, desvio do dinheiro destinado a agricultura e uma permanente dependência do poder público, para continuar existindo. Os proprietários rurais, na atualidade, ressente-se de falta de mão de obra para o campo, pois grande parte desses possíveis trabalhadores integra movimentos sociais do campo, como o MST e preferem continuar acampados a margem das rodovias, recebendo cestas básicas e bolsas família do governo, a trabalhar regularmente, numa atividade do agronegócio. O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho, que representa os grandes proprietários, disse que o movimento pela terra se tornou uma questão puramente ideológica, contrária ao produtor rural. "Sempre fomos críticos da reforma agrária", disse Ramalho, apesar de o tema constar da Constituição de 1988. Ele admite que a queda de até 40 por cento no preço das commodities em decorrência da crise financeira global nos últimos quatro meses pode levar à redução da área plantada. Mas adiantou que a terra será ocupada por outras atividades agrícolas, para não dá espaço as invasões dos Sem Terra.
Criado em 1984, o MST comemora os 25 anos com um ato em 24 de janeiro na fazenda Annoni, com a participação de políticos, representantes da sociedade civil e da Igreja. Foram convidados autoridades, como governadores, mas o governo federal não faz parte da lista. A fazenda Annoni, em Sarandi, no Rio Grande do Sul, é o local da primeira ocupação organizada pelos sem-terra, em 1981. Três anos depois, os militantes se reuniram em Cascavel (PR) e fundaram o MST com representantes de 13 Estados. A organização representa hoje cerca de 1,5 milhão de sem-terra, incluindo 120 mil famílias acampadas, à espera da terra, e 370 mil famílias assentadas. Apesar dos números, o MST se ressente da proliferação de organizações sociais no campo que, segundo a direção, enfraquece a luta como um todo. O MST tem a metade da representação dos sem-terra. Principal instrumento de pressão dos sem-terra, as ocupações mantiveram uma trajetória estável no governo Lula, com um pico em 2004. Os dados indicam 703 ocupações em 2004 e cerca de 500 em cada um dos outros anos. Desde 1988, quando a pesquisa teve início, o maior número de ocupações ocorreu em 1999, no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, com 903.

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