sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

* Complexo Espiritual e Tribal é Inaugurado em Brasília


Dia 12 de fevereiro, no Santuário Sagrado dos Pajés, onde moram o Sol e a Lua, onde a vida brota e continua, as 9 horas, foi inaugurado o Herbário Fitoterápico dos Pajés, com a benção da chuva - oyanma - enviada pelo Grande Espírito. O Santuário dos Pajés - Terra Indígena do Bananal, situado em Brasília, há mais de 30 anos é um espaço de convergência da sabedoria dos povos tribais de todos os continentes. Na inauguração estiveram presentes pajés e xamãs, da África, da Colômbia, do Peru, da Lapônia e da América do Norte (Red Crow). O mundo ganhou um presente dos povos da Terra, que não a ocupam e sim são ocupados por ela.

Reunindo conhecimentos de mais de 90 povos tribais, o Herbário Fitoterápico do Santuário é o primeiro complexo espiritual e tribal, do Brasil, fundado na Ciência dos Pajés. Os povos tribais que ao longo dos séculos aprenderam a domesticar os elementos da natureza, mantém vivo seu conhecimento, mesmo após 509 anos de usurpação indo-europeia.
No Brasil, são 100 do Serviço de Proteção ao Índio - SPI, instituição fundada na égide militar e que foi responsável pelo extermínio de mais de 80 nações indígena. Somado a isso, temos mais 48 anos da Fundação Nacional do Índio - FUNAI - fundada pelo Estado para dominar juridicamente os povos da Terra, sob o pretesto de os protejer. Mesmo diante de cenário tão perverso, os povos tribais - chamados genéricamente de indígenas - com seus meios de resistência sagrada, e com a sabedoria milenar baseada na tradição oral, seguem sua missão de deixar preservado a biodiversidade e o conhecimento fitoterápico tribal para as futuras gerações.
O Herbário dos Pajés é uma iniciativa do professor Santxie Tapuya, que a cerca de 27 anos vêem desenvolvendo o trabalho com as sementes e as mudas no Santuário Sagrado dos Pajés, produzindo um bioacervo vivo fruto do intercâmbio de mudas e sementes das diversas etnias que freqüentemente visitam o Santuário. Somente após 17 anos de luta e trabalho, por meio de uma portaria, a FUNAI reconheceu o trabalho e cedeu um espaço em seu prédio para a Flora Medicinal dos Povos Indígenas, como uma maneira de disponibilizar ao público em geral os remédios naturais advindos da sabedoria ancestral. E no ano passado, o Ministério da Cultura, por meio do Prêmio Chicão Chucuru, reconheceu o trabalho desenvolvido na comunidade Tapuya do Santuário dos Pajés. Com esse prêmio a comunidade pode estruturar melhor o herbário, criando uma oca especial onde é feita a germinação das espécies e a produção de mudas com fins de tratamento medicinal e de reposição da biodiversidade ameaçada. Para conhecer o Herbário e participar dos cursos que serão oferecidos, dentre eles Línguas Indígenas e Medicina Natural Doméstica, basta entrar em contato com a Flora Medicinal, na FUNAI, pelo telefone 61 3313 3623.
Todo esse trabalho, reconhecido nacional e internacionalmente, resultado da sabedoria ancestral de dezenas povos tribais, está em perigo devido ao projeto do Governo do Distrito Federal de construir o Setor Noroeste, bairro para a elite brasiliense onde o metro quadrado chegará a custar mais de 8 mil reais - o GDF já embolsou cerca de 600 milhões com a venda das primeiras projeções. As irregularidades desse processo foram extensamente noticiadas no Centro de Mídia Independente.




Fonte: CMI

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