sábado, 21 de fevereiro de 2009

*Governos do Estado e do Recife desrespeitam cultura local!

O desrespeito das autoridades estaduais e municipais para com a nossa cultura e tradições e para com os nossos cofres públicos!
E pelo que temos em registros de gastos financeiros, o absurdo não acontece somente em Municípios interioranos (como Palmares, onde o desleixo à cultura local é absurdamente cultuado há anos, enquanto derramam a maior parte da verba da cultura para artistas contratados "de fora" do território municipal e fora da Região Mata Sul e do Estado). No Recife, onde "pretensos socialistas" assumiram a Prefeitura, -ditos "defensores da nossa cultura" antes de ter o poder nas mãos, -ferem gravemente os compromissos com nossa Cultura!

Quantos Marcelo D2 vale Naná Vasconcelos ensaiando com os maracatus Sol Nascente, Axé da Lua, Cambinda Estrela e Almirante do Forte na rua da Moeda?

O carnaval petista do Recife tem uma estranha mala preta, desde a administração passada gastando fortunas, trazendo indiscutíveis atrações brasileiras, para se apresentar em Praça Pública, durante o período de Carnaval.

Milhões são gastos trazendo artista como Caetano Veloso, Miúcha, Fernanda Abreu, Leci Brandão, Maria Rita e Marcelo D2, só para enumerar os mais destacados (Não vamos nem falar do frances "Manu Chao que foi demais).
Com exceção de Fernanda Abreu e Marcelo D2, são todos astros nacionais que particularmente adoramos e respeitamos, e não tem nada a ver com a história dos cachês e valores astronômicos recebidos.
São profissionais valorizados, costumam cobrar valores aproximados desses em apresentações normais e cumprem suas obrigações, apresentando-se com grande competência nos eventos em que estão programados.

Foto: Lycy Passos

Batuqueiras do Maracatu Nação Cambinda Estrela durante ensaio na rua da Moeda. Jovens da periferia, universitários e intelectuais foram atraídos ao maracatu pela presença de Naná Vasconcelos. Somos exportadores e não importadores de tradições.


Em especial, a cantora Maria Rita, merece nossa admiração. A temos em conta de uma das maiores artistas da atualidade. Somos fãs de carteirinha, babamos por ela e gostaríamos de carregá-la no colo até a nossa rede e alimentá-la com caldo de cana e pão doce.
Mas não podemos apoiar, e nem vamos assistir um show de Maria Rita, em pleno carnaval de Pernambuco, cantando maravilhosamente sambas brasileiros de bom gosto. Os sambistas Maria Rita e Caetano Veloso, não precisam de nossa promoção carnavalesca, de nossos parcos recurso estaduais e municipais. Somos felizes que eles não precisem.
O PT e o PSB, Partidos que tanto discursavam e usavam o sofrimento dos artistas regionais em seus discuros e fizeram palanques sobre nossas desgraças, deram margens para o líder da bancada de Oposição na Assembléia Legislativa, deputado Augusto Coutinho (DEM), questionar o procedimento do governo do Estado, (PSB) registrando que o Diário Oficial estampava dispensa de licitação, no valor de R$ 120 mil para o rapper carioca Marcelo D2, que se apresentou na semana pré carnavalesca no Fortim de Olinda.


”O Galo da Madrugada, considerado o maior bloco de carnaval do mundo, um dos maiores símbolos da festa em Pernambuco que repercute no Brasil e no exterior recebeu R$ 350 mil de patrocínio”, criticou o democrata. Quer dizer que Marcelo D2 merece cachê equivalente a quase metade do patrocínio dado ao tradicional Galo da Madrugada (atualmente Patrimônio Cultural Estadual)?
Basta discutir esse dois momentos do nosso carnaval e os valores envolvidos, para se compreender toda a questão.
O que o show de Marcelo D2 vai fazer em prol do engrandecimento do carnaval pernambucano já tão rico de expressões, em termos de tradição, atração de turistas, valorização artística e enriquecimento cultural local? (algum protegido de Partidos, enviado a Pernambuco para pegar pagamento de campanha lá do Sudeste?).

Não precisamos falar do Galo da Madrugada. O hino do bloco no seu refrão diz tudo:
“Vem pessoal, vem moçada,
O Carnaval começa No Galo da Madrugada...

Seguinda a mesma linha da Prefeitura, o Estado de Pernambuco, contratou só para a semana pré carnavalesca, artistas como Paulinho da Viola, Demonios da Garoa, uma tal de Pitty (!!!) e o frances Manu Chao, de quem não vamos falar.
Mas o Galo da Madrugada ficou grande, sabe se defender e consegue patrocínios. Alguns ricos blocos líricos, tradicionais ou recém criados, auto financiam-se com a contribuição dos seus sócios.


Foto: Lycy Passos
Mas quem está protegendo as pequenas agremiações pernambucanas, como as “Pás Douradas” e “Batutas de São José”, os Clubes tradicionais, Vassourinhas, Cachorro do Homem do Miúdo, que nem sabemos se existem mais, os caboclinhos, os Ursos, as troças e blocos de arrabaldes, como Os Irresponsáveis do Arruda, o ”Cabeça de Touro” ou a delicada “Vitória Régia” de Casa Forte? Os Maracatus de baque solto ou virado?
Quanto essas agremiações recebem do município? Será que um turista carioca, paulista ou mineiro, vem ao Recife no Carnaval ver Marcelo D2 cantar?
Sabemos do desespero de jornalistas como Francisco José, da Rede Globo, que durante o período carnavalesco tem que apresentar alguns flashes ao vivo, durante os jornais da Rede Globo, que fica buscando onde está cantando Alceu, Elba, Antônio Madureira, naqueles horários; pois ninguém espera ouvir no noticiário do Carnaval pernambucano, Fernanda Abreu, por exemplo, para mudar de alvo.

Foto: Lycy Passos

Foram os pequenos blocos, troças, pequenas manifestações carnavalescas de subúrbio, que mantidas por milagre e perseverança do povo, que fizeram o diferencial do carnaval de Pernambuco, a partir do Recife.

Sabemos que hoje o carnaval é um grande negócio, mas não podemos esquecer que é um momento de nossa identificação cultural, quero que meus filhos e netos saibam que os Clubes (foto abaixo) têm estandartes que os identificam, origem mais cabocla e é acompanhado por uma orquestra onde predominam os metais.

Os blocos líricos, são apresentados por uma alegorias de mão não possuem estandarte, e são acompanhados por uma orquestra de pau e corda, por isso, são propícias ao estimulo do canto das multidões, das canções tradicionais e tem origem nas marchas das festas de meio de ano em Portugal, que ainda sobrevivem nas Ilhas da Madeira, Canárias e Funchal entre outras.

Só para mencionarmos dois momentos de nossa cultura carnavalesca.
Mas não podemos ser somente românticos e imaginar que esses politiqueiros usurpadores dos poderes municipais e estaduais estão “apenas” destruindo o nosso patrimônio cultural, os valores envolvidos, a forma como são contratados esses artistas: A panelinha em torno dos mesmos nomes, sugere que estão dilapidando também e sobretudo os recursos públicos, de forma pouco recomendável, para não dizer criminosa.
A Cultura Pernambucana tem espaço assim no Sudeste e na Bahia? Os Baianos souberam divulgar sua "cultura renovável a cada onda de moda passageira" e se impuseram no país e no mundo, tendo apoio político forte para um Estado que não tem a diversidade cultural de Pernambuco; a tal ponto que há Cidades pernambucanas transformadas em colônias baianas nesse período momesco, quando importam os trios elétricos e axés baianos!
Teria razão em agir desta forma se nossos artistas pernambucanos obtivessem espaços e respeitos semelhantes em outros Estados, sob a tutela do Governo do nosso Estado. Mas ao contrário, não há projeto para dar vazão à nossa produção cultural que é ímpar no Brasil e no mundo!
Falta atitude política em prol da nossa cultura pernambucana!
Essas atitudes de desrespeitos deveriam ser tratadas como crimes. Mas há conivências com os Poderes Legislativos que não fazem Leis proibindo essa lavagem de verbas culturais públicas.

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*Veja o album de Lucy Passos sobre o carnaval pernambucano, de onde retiramos a maioria das fotos desse post e també as fotos do ensaio de Naná Vasconcelos no site da UOL

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