sábado, 7 de fevereiro de 2009

* No Brasil, TV Digital tartaruga!


Sabemos que a migração de uma tecnologia para uma outra mais nova não acontece de um dia para outro. Mas, este capítulo da TV Digital no Brasil ainda terá de ser esclarecido futuramente, com certeza em um governo que não seja este atual. Porque muita coisa, digamos, "estranha", aconteceu para que houvesse a adoção deste sistema, em detrimento dos outros que também estavam sendo cogitados.
A TV digital completou o seu primeiro aniversário no Brasil com expansão para pouco mais de uma dezena de capitais e vendas de algo como 650 mil dispositivos, entre conversores, televisores e sistemas móveis como celulares ou aparelhos para serem acoplados ao PC.
Na avaliação de fabricantes e das empresas que compõem o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), a adoção é lenta, mas dentro do que se esperava para uma mudança desse porte.
A interatividade, recurso que permitiria, por exemplo, compras pelo controle remoto e que foi anunciada como uma das principais características do modelo escolhido pelo governo brasileiro, ainda não aconteceu, o software de interatividade Ginga, único componente genuinamente local do padrão que foi chamado de nipo-brasileiro, ainda não está disponível oficialmente, sendo esperada para o primeiro semestre de 2009 por parte da indústria. A multiprogramação, possibilidade de se transmitir mais de um programa num único canal, ainda precisa ser regulamentada, segundo o Ministério das Comunicações.
"Estamos finalizando as discussões sobre interatividade. O fórum trabalha para que tenhamos o máximo de capacidade de interatividade, mas as coisas às vezes não acontecem no tempo que a gente gostaria", disse Frederico Nogueira, presidente do Fórum de TV Digital. O grupo reúne emissoras de TV, pesquisadores e fabricantes. A avaliação de Nogueira, que assumiu a presidência da entidade na semana passada, entretanto, é "extremamente positiva".
"Os Estados Unidos, que começou a implantar a TV Digital há 10 anos, ainda não conseguiram concluir o processo", comparou. Segundo ele, "as informações que temos é que as vendas estão indo bem" no que se refere aos conversores e TVs. Um levantamento do próprio fórum aponta que foram vendidos até o momento 150 mil conversores externos ou embutidos em televisores.
O executivo admite que nem sempre é fácil para a população perceber os benefícios de uma migração para o formato digital. "É fácil perceber a diferença do branco e preto para o colorido, mas não é tão simples perceber o que mudou de uma resolução de 470 linhas para 1080 linhas", explica.
Por isso, a partir de janeiro o fórum inicia uma campanha publicitária em todo o Brasil para reforçar as virtudes da TV digital brasileira à população. Nogueira também informou que o grupo tem pleiteado ao governo linhas de financiamento e algum tipo de isenção fiscal "para termos os índices de penetração que gostaríamos", acrescentou.
São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Campinas (SP) já iniciaram transmissão digital em alta definição. A expectativa do fórum é que todas as capitais e Brasília (DF) tenham TV digital até o final de 2009.
Positivo ainda não retomou produção
Depois de interromper a produção de conversores em março passado, diante das fracas vendas e dos altos estoques, a Positivo Informática diz que ainda está comprometida com o segmento, mas não tem data para retomar a produção.
De acordo com Isar Mazer, diretor de novos negócios, produtos e inovação da companhia, "é uma tecnologia nova e, como todas, vai levar ainda um tempo para que as pessoas entendam a proposição de valor e passem a adotá-la". Segundo ele, a empresa "está vendo crescer bastante o interesse popular" na medida em que o serviço chega a novas cidades. Na sua avaliação, a Positivo lançou muito cedo seus produtos no mercado e foi "bastante agressiva" na oferta, mas acabou ficando com estoque demais.
A empresa tem dois modelos à venda, um por R$ 399 e outro a R$ 499, com os quais continua abastecendo o varejo em cada nova praça que o formato é lançado. Ele explicou que a companhia "está monitorando muito de perto" o mercado para saber o momento em que deve voltar a produzir.
Segundo Mazer, foram vendidos algo como 20 mil conversores da marca até o momento. A empresa, entretanto, "continua comprometida com esse mercado porque, do ponto de vista tecnológico, a proposição de valor é clara". Ele também acha que falta comunicação e algum tipo de incentivo governamental. "Nós conhecemos muito bem o poder que os incentivos podem trazer ao mercado, depois do exemplo dos PCs", citou.
Preços reajustados
A Proview, empresa de Taiwan que chegou com a proposta de oferecer um dos conversores mais baratos do mercado, já teve de reajustar o preço dos modelos, diante da variação cambial, segundo Jorge Cruz, diretor industrial da companhia. O primeiro deles, que foi anunciado ao preço sugerido de R$ 299 em julho, está com preço médio de R$ 350, segundo o executivo.
Dois outros modelos que chegariam com preços inferiores para o consumidor brasileiro (R$ 199 e R$ 249), entretanto, ainda não chegaram ao varejo. Cruz afirma que, em seis meses, a empresa vendeu 100 mil unidades do conversor. Por isso, ele avalia que a companhia teve "excelente resultado" no primeiro ano da implantação da TV digital, ainda que admita que "nossa expectativa era bem maior".
A Samsung, que vende televisores com conversor embutido, prefere não informar quantas unidades foram vendidas, mas afirma que o volume "está dentro do que esperava", segundo José Roberto Campos, vice-presidente da empresa de origem coreana. Segundo ele, "o conteúdo realmente é pouco ainda, mas depois que uma pessoa assiste a um jogo ou documentário em alta definição percebe a diferença". Ele reconhece que "as melhorias na imagem, independentemente do aparelho, precisariam ser mais bem divulgadas".
Para entender melhor o sistema de transmissão digital no Brasil veja:
http://tecnologia.ig.com.br/tv_digital.html

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