
As populações indigenas, amplamente beneficiadas com a nova ordem constitucional, são os mais fiéis eleitores do também indio Evo Morales
Os bolivianaos decidiram também nesse referendo que as propriedades rurais no país terão limites de 5 mil hectares, derrotando a possibilidade de 10 mil hectares.
Assim, aqueles que, no futuro, adquirirem uma quantidade de terra maior que a aprovada, poderão perdê-la. A medida não será retroativa, ou seja, não afetará os atuais proprietários. Mas o novo texto estabelece que a terra tenha uma função social, segundo os oposicionistas, o novo dispositivo pode permitir que o governo confisque terras quando bem entender.
.Reeleição
O projeto ainda estabelece a possibilidade de o presidente concorrer a dois mandatos consecutivos, o que é proibido pela atual Constituição.
Assim, a aprovação do texto no referendo abrirá caminho para que Morales convoque novas eleições e concorra novamente ao cargo de presidente.
Divisão territorial
O texto constitucional muda o mapa político da Bolívia.
Embora a atual Constituição do país já estabeleça níveis de descentralização política, o novo texto prevê a divisão em quatro níveis de autonomia: o departamental (equivalente aos Estados brasileiros), o regional, o municipal e o indígena.
Pelo projeto, cada uma dessas regiões autônomas poderia promover eleições diretas de seus governantes e administrar seus recursos econômicos.
A oposição alega que isto dividiria o país em 36 territórios e diminuiria as autonomias dos Departamentos (Estados).
No ano passado, quando o país esteve à beira de uma guerra civil, os principais líderes da oposição a Morales eram os prefeitos (governadores) dos Departamentos de Santa Cruz, Tarija, Chuquisaca, Beni e Pando, a regiões mais ricas do país e que terão seus poderes diminuídos.
Recursos naturais
Pelo projeto constitucional, os recursos naturais passam a ser propriedade dos bolivianos e não mais do Estado, como diz a Constituição atual.
Segundo o artigo 349 do projeto, caberá ao Estado administrar (os recursos naturais) em função do interesse público.
O texto também estabelece que recursos como o gás não podem ser privatizados e que recursos energéticos só podem ser explorados pelo Estado.
Recursos hídricos também não poderão ser privatizados e está inclusive proibida a sua exploração por meio de concessão.
Cultivo da Coca

O cultivo da coca, vegetal típico da Bolívia e que pode ser usado para a produção de cocaína, recebe proteção especial no novo projeto constitucional.
O texto diz que o Estado protege a coca originária e ancestral como patrimônio cultural, recurso natural renovável e fator de coesão social.
O projeto também estabelece que a produção, comercialização e industrialização da folha de coca serão regidas por lei.
.Política externa
A Bolívia perdeu sua única saída para o mar após a chamada Guerra do Pacífico (1879-84), quando, ao lado do Peru, lutou contra o Chile.
O novo projeto constitucional, no entanto, estabelece o direito irrenunciável e imprescritível sobre o território de acesso ao Oceano Pacífico, o que pode causar desavenças com o país vizinho.
Além disso, o texto estabelece que tratados internacionais sobre temas sensíveis sejam submetidos a referendo e proíbe a instalação de bases militares estrangeiras em seu território.
. Religião
O projeto constitucional do governo Morales estabelece que o Estado seja laico e destitui o catolicismo da condição de religião oficial da Bolívia.
Os católicos argumentam que pelo previsto em alguns dispositivos constitucionais, será permitida a aprovação do aborto e o casamento entre homossexuais, no país.
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