segunda-feira, 5 de agosto de 2013

* Clube de Engenharia fala sobre energia nuclear e professor da UFPE se irrita!

Professor da UFPE irrita-se com a volta do debate sobre energia nuclear no Recife

POSTADO ÀS 01:07 EM 05 DE AGOSTO DE 2013

A insanidade de promover a eletricidade nuclearNa semana passada, o Blog de Jamildo revelou que a Eletronuclear retomou o debate sobre a energia nuclear no Nordeste e vai realizar um seminário nesta qinta-feira na Associação Comercial de Pernambuco (ACP). O professor da Universidade Federal de Pernambuco e membro da Articulação Antinuclear Brasileira (www.brasilantinuclear.ning.com) não gostou nadinha da movimentação e envia artigo ao blog protestando.
Heitor Scalambrini Costa

O Clube de Engenharia de Pernambuco (CE-PE) entidade que completou 94 anos de existência, em 1º de junho de 2013, apregoa que um dos seus objetivos é “realizar o estudo de questões técnicas, econômicas e sociais, especialmente, as de interesse público”.

Um dos temas abordados com insistência pelo CE-PE é a questão do desenvolvimento do Estado, em suas diversas regiões. A primeira vista é louvável esta iniciativa. Mas, infelizmente estas discussões têm se restringido a discussões subalternas a um modelo de sociedade consumista, industrial e capitalista. Nada de novo como exige o século XXI frente a inúmeros problemas e desafios enfrentados. As discussões sobre desenvolvimento caem no lugar comum, de promover um desenvolvimento econômico entendido como mero aumento da renda per-capita; baseado em empreendimentos governamentais, sem consultas prévias a sociedade, aos moradores que serão afetados, e sem a devida discussão da degradação ambiental decorrente (irmã siamesa do chamado desenvolvimento econômico). É presumido pelos governantes, e por aqueles que apóiam esta concepção, assim satisfazer as aspirações da população. Ledo engano.

É neste contexto que o CE-PE promove no dia 8 de agosto próximo em Recife, um Seminário intitulado “Desenvolvimento e  Energia Nuclear”, talvez mera coincidência com o título do recente artigo publicado em jornal de grande circulação pelo diretor regional da Eletrobrás “Energia Nuclear e Desenvolvimento”.  Com o apoio e a participação entre seus palestrantes, exclusivamente de quem defende o uso desta forma de energia na geração elétrica, conforme é verificado no material de divulgação distribuído. Este evento não terá discussão, nem debate, mas será meramente um ato promocional desta tecnologia. O CE-PE capitulou frente a interesses contrários aos interesses públicos, pois como publicado amplamente pela mídia nacional, pesquisa de opinião realizada pela BBC no Brasil (e em vários países do mundo), mostram que mais de ¾ da população brasileira é contraria as instalações nucleares no pais.

O exemplo do desastre de Fukushima alertou ao mundo o que representa um acidente nuclear. Mais o Brasil age na contramão dos países que outrora foram exemplos no uso desta tecnologia, como a Alemanha, Bélgica, Áustria, França, Itália, Japão, entre outros; que revisaram os planos para a construção de novas instalações nucleares. Aqueles governantes que ainda propõem novas instalações nucleares estão distantes das opiniões de seus cidadãos, o caso de países como a China e a Índia.

A questão nuclear é pouco discutida em nosso país, e isto tem favorecido o “lobby” nuclear (CE-PE incluído) em avançar nas propostas de novas instalações. No planejamento do setor elétrico, são mencionados a construção de 4 novas usinas nucleares até 2030. Sendo 2 no Nordeste brasileiro, possivelmente (somente ainda não oficializado) uma delas em nosso Estado, no município de Itacuruba, próximo de Floresta, na beira do Rio São Francisco. O velho Chico, como é conhecido o rio da integração nacional, banha 5 Estados e mais de 500 municípios. Imagine o que seria um desastre nuclear com vazamento de material radioativo naquela região? É óbvio que não desejamos tal desgraça, mas como em Engenharia não existe “risco zero”, devemos prevenir. E para não acontecer o desastre, não devemos instalar tal usina. Parece-me óbvio e sensato esta conclusão.

Pois bem, nos pareceu oportuno tornar público o fato de que este evento não é aceito pacificamente por todos os cidadãos que, além de pagar impostos, se sentem responsáveis pela elucidação de aspectos de interesse vital para a vida da população pernambucana. Aqui não se trata de mera reação daqueles opositores, mas sim em alertar a sociedade do papel que esta cumprindo hoje o CE-PE. Que ao meu ver deveria ser sim um local onde se pratica realmente o debate democrático, com autonomia, e com elevado interesse público. E não simplesmente que seja o lócus de “lobbying” de interesses distantes da sociedade.

Vejamos os argumentos do Professor Heitor Scalambrini Costa. Eis os slides de uma palestra dele no Fórum Interinstitucional de Defesa da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco:








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